Antes de falar a respeito do debate entre os deputados César Pires e Arnaldo Melo, hoje na Assembléia Legislativa, gostaria de fazer uma pergunta: o parlamento vale a pena?

 É natural que o agravamento dos direitos e, principalmente, da falta de reconhecimento, agora estão atingindo fortemente os princípios dos debates políticos na Assembléia Legislativa. Dizer que esses debates não são salutares para o crescimento do Legislativo é querer indissociabilizá-lo da democracia.

 O que se faz necessária é a compreensão de que a aparente confusão a imperar nos parlamentos é parte da política, já que política democrática é conflito. A heterogeneidade das tensões sociais lá representadas bem denuncia o quanto heterogênea é a sociedade que a produziu.

 Diante dos fatos, ouvi atentamente o discurso do deputado Arnaldo Melo sobre a comparação que o deputado César Pires fez a seu respeito, ou seja, o comparando-o a Severino Cavalcante, através de uma matéria do blog do Marco D’Eça. Arnaldo Melo absorveu a crítica e procurou debater dentro dos princípios democráticos.

 O deputado César Pires, por sua vez, foi a tribuna e com todo seu poder da palavra articulada, não se omitiu de suas responsabilidades pela comparação e demonstrou que o questionamento crítico é essencial no parlamento.

 Então, torna-se claro, que as relações cotidianas no parlamento, deve sempre explicitar a ação e reação dentro do contesto democrático, coisa que ambos os deputados souberam fazer sem agressões e baixaria, mas sim numa linha de respeito ao parlamento no seu sentido maior, ou seja, parlamentar.

 A palavra ação é justamente o oposto da inércia, do comodismo, coisa que César Pires mostrou saber utilizar com inteligência e sensatez. Por outro lado, Arnaldo Melo parece ter assimilado que atitudes autoritárias não se inserem nos princípios democráticos. Porém, partindo-se que o autoritarismo está ligado a práticas antidemocráticas e anti-sociais e estas, não pode permear sutilmente a gestão de um parlamento.

 Em seu discurso, Arnaldo Melo disse que nunca enveredou pelo caminho da corrupção conscientemente e pede a Deus que nunca enverede. Ele disse que não entende esse negócio de baixo e alto clero e que depois de seis mandados consecutivos, ele chegou a presidência da Casa.

 César Pires, com sua excelente oratória, disse primeiramente que nunca mudou de lado, referindo-se ao deputado Arnaldo Melo que já foi secretário do governo José Reinaldo, enquanto que ele sempre esteve ao lado do seu grupo político e que se tiver um dia a pretensão de sair, sairá pela porta da frente.

 César Pires disse, ainda, que não agrediu Arnaldo Melo, pois apenas se posicionou, fazendo uma analogia de acordo com seu pensamento. Também afirmou que ficará vigilante aos seus desejos e das suas convicções sobre a Assembléia Legislativa.

 Por outro lado, os deputados mais novos tentaram colocar panos quentes no debate, principalmente o deputado Eduardo Braide, que parece não ter aprendido ainda que o questionamento crítico, a heterogeneidade e o debate democrático são critérios para o fortalecimento de uma Casa Legislativa.

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