Depois de colocar uma Nota da Seduc nesse blog sobre a greve dos professores, isso na semana passada não pude como responder aos diversos comentários, uma vez que estava em viagem para resolver problemas familiares.
Hoje (11), aproveitei à tarde chuvosa para ler todos os comentários e tecer minha opinião sobre o assunto. Entre um cafezinho e um cigarro, veio a idéia de fazer um artigo que fala sobre o direito, a falta de ética e a democracia.
Não posso afirmar que por trás dessa greve esteja algum jogo politiqueiro, pois seria hipocrisia dizer todos os educadores se submeteriam a esse tipo de falta de ética com a educação, que tem no docente um dos pilares centrais para o ensino/aprendizagem, visto que ele é o mediador para que milhares de alunos obtenham o conhecimento.
Por outro lado, a educação não pode ser tratada como uma empresa capitalista, onde quem define as prioridades é o diretor, que é apenas um burocrata, mas não um educador.
O direito de reivindicar é democrático, mas uma greve que prejudica terceiros, nesse caso milhares de alunos, não é ética e nem tampouco democrática.
Ser um bom professor é aquele barganha usando milhares de alunos para conseguir seus intentos? Novamente a questão ética. Então vejamos: Mas o que é vocação, empenho, intuição? É, em última instância, a dedicação integral a uma causa nobre: Mediar o ensino/aprendizagem num país de analfabetos. Isso é uma tarefa somente para aqueles que se colocam pura e simplesmente ao serviço de sua causa, no mundo da educação. Precisa ter personalidade!!!
Não sou, absolutamente, contra o exercício da greve pelos trabalhadores, tampouco contra a organização que os representa.
Sou a favor da democracia, que tem por fundamento a efetiva participação popular na luta pela igualdade. A democracia se exterioriza com a previsão constitucional desse meio de defesa; a decisão pela maioria dos trabalhadores pela deflagração da greve significa também o exercício da democracia, só que “interna corporis”, de uma determinada classe, cujos interesses não podem se sobrepuser ao interesse geral, nesse caso os milhares de alunos maranhenses.
Infelizmente, não é o que tenho observado ao longo desses anos de vida da Constituição de 1988.
Para mim, uma democracia não existe sem educação, pois não há outra intuição que desperte o homem para si mesmo. Portanto, tanto quanto o “desencantamento do mundo” com a política educacional brasileira não pode se sobrepuser a educação que sempre, digamos por ofício, quer revelar, revelar-se, revelar-nos.
Publicado em: Governo
neste novo comentário percebe-se que você tece comentários mais lúcidos sobre o direito a greve dos professores, no entanto, afirmar que os diretores são meros burocratas, é afirmar que apenas o professor desempenha papel fundamental na aprendizagem do aluno, quando, na realidade, todos os funcionários da escola são importantes para a aprendizagem do educando. acredito, que nenhum professor goste de participar de greve, entretanto, percebemos que é a única maneira de fazer o governo se sensibilizar para a causa, imagine você que a categoria de professores é a que mais luta pelos seus direitos, e mesmo assim ainda tem um dos piores salários, comparados com profissionais com o mesmo nível de formação, agora imagine se a categoria de professores fosse pacificamente esperar a boa vontade do governo?
ps:espero que o amigo blogueiro deixe o mau-hábito de fumar, em benefício a sua própria saúde.
Carlos, apenas fiz uma analogia de um burocrata no comando de uma escola e não a de um diretor a um burocrata. Por outro lado, sou professor de profissão e também acho que a nossa classe é desvalorizada, principalmente depois que os militares tomaram conta do nosso país e empurraram a Lei 5692/71 goela abaixo. Pagamos até hoje por isso. Quanto ao cigarro… já tentei diversas vezes parar… um dia conseguirei.
Seu texto, a princípio, até parece razoável, entretanto, peca e não é justo quando afirma que a responsabilidade pela GREVE É SOMENTE DOS PROFESSORES. Somente nós temos que pensar nas crianças e adolescentes que estão fora da escola?
O governo de plantão é o grande responsável pela deflagração do movimento grevista, mas foi poupado em seu texto. Por que será? Roseana, quando assumiu o governo do estado em abril de 2009, encontrou em andamento o processo de reestruturação da carreira dos profissionais da educação e o que ela fez, de lá para cá? ABSOLUTAMENTE NADA! Até nosso reajuste anual, garantido pela lei do PISO, nos foi negado em 2010.
Nossas solicitações das PROGRESSÕES E TITULAÇÕES acumulam-se aos milhares no RH da SEDUC e historicamente, só são concedidas depois de muita pressão. A gestão escolar na rede estadual de ensino inexiste (diretor é cargo político em todas as escolas estaduais e o critério da competência, nesse processo nunca é observado)
Esse governo e todos os outros que o antecederam, é e foram especialista em descumprir a legislação educacional brasileira. No Maranhão, descumpre-se anualmente, quase que integralmente: A LDB; O PNE; A LEI DO FUNDEB; A LEI DO PISO, dentre outras. Nosso estado sequer possui ou possuiu algum dia um PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO.
Quem é responsável por tudo isso? O pobre do professor tem ou teve algum dia autonomia pra definir as linhas gerais da política educacional do nosso estado? O sistema educacional do estado do maranhão é deficiente, apresenta graves problemas, que perpassam pela valorização do professor (nos aspectos: remuneratórios e de formação inicial e continuada), pela infraestrutura das escolas, pela estrutura pedagógica ultrapassada; pelo financiamento; indo até a competência daqueles que constituem a cúpula da SEDUC.
Como podes ser tão parcial em sua análise? Isso é ético?
Vindo de um professor isso é no mínimo assustador. O que verdadeiramente defendes?
Defendo a minha classe, pois sei que é completamente desrespeitada, desde que o regime militar tirou todos os direitos dos docentes, coisa que ainda não foi resgatada. Por outro lado, não posso deixar de dizer que uma greve não prejudica o governo, mas sim milhares de crianças, adolescentes e adultos. O governo tem que fazer sua parte sim, mas é preciso prudência. Existem várias questões que precisam ser discutidas com melhor desempenho, pois todos sabem das necessidades dos docentes, não só do Maranhão, mas de todo Brasil.
Há!!!! já está bem claro a quem defendes….
Eu defendo a educação de qualidade, coisa que nesse país ainda se arrasta na quantitativa…
O que seria prudência para o blogueiro? Será que para ter prudência os professores deveriam ficar de braços cruzados esperando a boa vontade desse governo em atender as suas reivindicações? É, meu amigo, quem quer ter seus direitos respeitados e postos em prática, deve mesmo é lutar. É como diz uma famosa música de Geraldo Vandré: … ”Quem sabe faz a hora não esperar acontecer”…
Flávio, não estou contra os professores, muito pelo contrário, pois não posso ficar contra a minha classe profissional. Contudo, não posso deixar de tecer minha preocupação com a educação, pois somente através dela haverá as mudanças que tanto esperamos. O maior prejudicado nisso são os alunos e não o governo. Pense nisso.
Qual o maior prejuizo; continuar com essa educação precária por um tampo infinito atingindo milhares e milhares de alunos (vítimas) ou passar um dois meses sem aulas para tentar mudar para a partir de então, termos uma educação melhor. Não existe conquista sem luta sem sacrifícios, prova disso é que hoje temos essa liberdade para discutirmos tudo isso. Não esqueça!
O passado, o qual se refere como consequecia do descalabro educacional no nosso estado ou país, não há fundamento nisso, tendo em vista, já ter sido diluido pelo próprio tempo por conta de avanços em legislações, e na politica nacional
de educação como o FUNDEB, etc, ou pelo menos deveria em governos que governa para o bem da sociedade. Mas o que de fato pesa sobre essas contradições na educação é desvios recursos ou seja, o não comprimento do que é estabelecido em Lei. A lei só existe para os pequenos.
Carlos, não debata o que você desconhece por completo. A única lei criada foi a LDB 9394/96 – governo Fernando Henrique -, que em nenhum momento trata de linha pedagógica a ser adotada no país. Essa LDB apenas redistribui a responsabilidade da educação entre as três esferas governamentais e as formas, artigos 71 e 72, de como gastar o dinheiro da educação. As legislações “emendas” que vieram depois, todas tratam apenas dos gastos com a educação. Portanto, Carlos, nada foi diluido como você diz. Qual é a linha pedagógica adotada no Brasil pelas escolas públicas? Por que as avaliações, até no vestibular e em concursos, continuam dentro do tecnicismo, com provas objetivas, onde o aluno não critica nem questiona, apenas responde o que o professor quer como resposta. Diante de tudo isso, não discuta o que você desconhece em sua essencia e cientificamente, pois assim ficará no senso comum.
Em nenhum momento disse que os professores deveriam ficar de braços cruzados, pois sei da luta da minha classe profissional por todo o Brasil, principalmente da Lei 5692/71, que destruiu a educação por completo, no ensino/aprendizagem e pela desqualificação do professor, isso dentro do tecnicismo.
Caro Jornalista…..
Seu comentário dessa vez foi um pouco mais simpático, porém vc continua desrespeitando uma classe que é sofrida.
Todo movimento grevista tem interesses políticos…… (estamos falando do Maranhão). Inclusive algumas reportagens tem como objetivo valorizar a nossa governadora.
solicito a você que faça um estudo sobre a qualidade do ensino do Maranhão e veja como é a administração educacional…. vc terá uma imensa materia e que vai justificar essa greve (movimento sindical e não to falando dos poucos q fazem disso um movimento eleitoral).
obrigado
O Sr.Caio sabia que a educaçao está entra as piores do mundo???Ficou em 54 lugar de 63 países estudados.
Vamos analisar a situaçao de um ponto de vista mais amplo.O Sr. falou em interesses que se sobrepõem a interesses de milhares.Pois bem,se os senadores da República se deram um aumento VERGONHOSO de 62% por que os professores tem que ficar com um salário miserável e trabalhar em vários lugares para sustentar a família???Temso que fazer greve,temos que brigar para sermos ouvidos.Mas infelizmente isso termina prejudicando os alunos.
Se o país tivesse políticos que realmente fizesse algi de útil para todos, não só para eles mesmos,nao precisariamos chegar a esse ponto.
Como o Sr. aprendeu a ler e escrever?
E Sra.Roseana?E Dilma?
Antes de dizer que nao temos ética e compromisso olhe para as instâncias superiores e diga quem nao tem ética e compromisso de verdade!!!!!!!
Irene, acho que você se equivocou, pois sou professor de profissão e sei das dificuldades que a classe atravessa desde a lei 5692/71, que prejudicou a valorização do docente e que continua até hoje. Sei que a linha pedagógica adotada por essa lei continua em vigor, principalmente nas avaliações, que continuam objetivas, ou seja, a resposta do professor e não a do aluno, tirando, com isso, o questionamento crítico. Sei que continua as aulas expositivas não dialogadas. Nunca estarei contra a minha classe, visto que além de professor, sou mestre em educação.
Eu, equivocada?Pois prove que estou errada!!!Somos valorizados??Merecemos o salário miserável que recebemos??Creio que amor à profissão não enche barrigas dos nossos filhos…
Estou errada ao afirmar que os professores ensinam todos os demais profissionais e que a educação no Brasil está entre as piores do mundo,ao contrário do que a propaganda enganosa do Governo Federal diz??
Acho que você anda lendo pouco meu caro…
Irene, mas foi exatamente isso que eu disse. A desvalorização da nossa classe começou com a lei 5692/71 e que os governos que vieram depois do regime militar não conseguiram resgatar a dignidade dos docentes que são os mediadores para as outras profissões. Quanto ao amor a educação, prefiro não entrar nesse mérito, pois cada um tem sua linha de pensamento.
Então vamos justificar os erros de hoje no passado?é o mesmo que dizer que está sem jeito,então o professor que aguente as humilhaçoes provocadas pelos governos??Tá sem jeito é?Cade a competencia de cada governo para mudar esse quadro?
Em todas as suas respostas aos comentários, você insiste em dizer que é professsor e defende sua classe. É dessa forma que você defende sua classe?Ou você já esqueceu o tanto que essa profissão é sofrida e o quanto ela é desvalorizada, ou será que você precisa está em sala de aula para sentir isso?
Rosi, eu não preciso está em sala de aula para saber das deficiências da educação no Brasil. Nossa classe, como já disse antes, passou a ser desvalorizada desde a lei 5692/71, que continua a frente da educação brasileira, como aulas expositivas não dialogadas, tirando o questionamento crítico do aluno; na avaliação provas objetivas, com a resposta do professor já pronta, tolhendo o aluno, exemplos de Falso ou Verdadeiro, primeira coluna de acordo com a segunda etc., esse tecnicismo ainda é tão forte, que o vestibular e os concursos públicos continuam usando essa linha pedagógica criada pelo exército americano. Por outro lado, a desvalorização do professor. Os governos pós ditadura militar não conseguiram resgatar a dignidade da educação brasileira.
“Quem perde com a greve são os alunos e não o governo”
Caro colega,
Creio que não conheça a realidade das escolas maranhenses. Na escola em que trabalho as salas estão superlotadas, além disso, falta professores, há professores que lecionam disciplinas que não a de sua formação como é o meu caso.
Isso por acaso é respeitar o aluno? É respeitar a população que paga seus impostos?
Nós também estamos lutando por direitos legítimos dos alunos e da população, bem como pela valorização e reconhecimento de nossa classe.
Temos sim, que ir à luta, infelizmente somos obrigados a pressionar através da paralização de nossas atividades, mas apenas de nossas atividades na escola, não de nossa consciencia crítica e cidadã. Estamos completamente mobolizados pela nossa causa que é a educação.
Kênia, eu acredito nisso e sei das dificuldades em encontrar professores para as mais diversas disciplinas e da imoralidade de ter mais de 40 alunos por sala de aula, coisa que prejudica o ensino/aprendizagem por completo. Isso está acontecendo em todo o país. A nossa classe é desrespeitada, pois todos se acham educadores, quando não conhecem a sua essência. Esse é um dos fatos que me distanciaram da discussão sobre educação, pois estou cansado, como mestre em educação, escutar diversas coisas dentro do senso comum.
Bem, pelo que parece você não se distanciou da discussão sobre esducação, uma vez que possue esse blog e fez este post.
Outro ponto importante é: se isso (salas superlotadas e prof. lecionando disciplinas alheias a sua formação) está acontecendo em todo o Brasil não significa que devamos aceitar. Muito pelo contrário, é obrigação nossa, de educadores e formadores de opinião “brigarmos” por melhores condições de trabalho e de se fazer Educação. Além de letrada, sou pedagoga e pós graduada, e fico indignada ao ver que a educação virou apenas uma promessa e não um compromisso de campanha. O senhor, como mestre que é, deve ter lido Gadotti e saber o que ele fala sobre o papel do educador na atualidade e também que ter uma visão crítica do mundo não é pra qualquer pessoa que se diz professor ou afins.
Se você respeita tanto a sua classe, sabe das condições desumanas que alguns (pra não dizer a maioria) professores passam, sabe da desvalorização da classe por que então não defende-a?
Eu estava com essa mentalidade no começo, também senti pelos alunos. Mas que diferença faz? Aulas por professores que não são da área, contratados aos montes sem formação, (já fui e hoje eu vejo que foi um absurdo, não estava preparada. Mas é comida na mesa, né?) avaliação ineficiente (não reprova) e outras coisas.
Democracia fosse se eles lutassem por uma educação melhor. Mas enquanto tiver carnaval e camisinha, pão e circo e essa ineficiência na educação, o cenário é esse aí.
Professor, se você pensa nos alunos, então lute por uma educação melhor pra eles. Eles com certeza merecem. Todos merecem uma educação de qualidade e não de estatísticas pra governo mostrar que faz.
A greve pode não está sendo do jeito que você quer, mas é somente por ela que se modifica alguma coisa.
Abraços
Concordo com você. Em minha opinião, a primeira atitude seria o governo federal definir uma linha pedagógica, saindo do tecnicismo por completo, mudar a forma de avaliação, valorizar e dar capacitação aos docentes e tirar dos municípios a responsabilidade com a educação infantil, que é o pilar da educação, principalmente a alfabetização, pois o aluno mal alfabetizado terá problemas até no curso superior. Essas são atitudes que já deveriam está em prática. O grande problema das prefeituras e governos estaduais é com o senso escolar, pois ele é que dar a garantia do valor do recurso do Fudeb. Enquanto isso, vemos apenas uma educação quantitativa e não qualitativa.