O questionamento crítico!!!

Publicado em   16/abr/2011
por  Caio Hostilio

Ontem (15), recebi um email de uma professora do interior do Maranhão, que pediu que não fosse identificada, perguntando o porquê de eu cobrar tanto o questionamento crítico dos alunos em meus textos.

Diante da pergunta, procurei a melhor forma de explicar dentro do meu conhecimento a importância do questionamento crítico para o desenvolvimento da sociedade.

Mas antes de entrar no assunto propriamente dito, gostaria de deixar uma reflexão bem elaborada pelo educador Carlos Luckesi sobre a educação quantitativa e não qualitativa no Brasil. “Você daria um brevê (carteira de piloto de avião) a um aluno que sabe decolar, pilotar bem, porém não sabe aterrisar um avião? Com certeza não!!! Agora, porque a educação brasileira aprova um aluno que sabe somar e diminuir, mas não aprendeu a dividir e multiplicar?    

Mas vamos ao que interessa. Na atualidade, penso que a preocupação dos que investigam novos caminhos para o ensino/aprendizagem não está na simples superação da mera descrição de teorias expositivas e não dialogada, nem na visão de que o conhecimento é algo que se constrói. As atenções da educação estão hoje basicamente voltadas para a idéia de cidadania e para a formação de professores com novos perfis profissionais, docentes em condições de trabalhar com uma visão interdisciplinar da ciência, própria das múltiplas formas de se conhecer e intervir na sociedade hoje.

Neste sentido, as propostas mais adequadas para um ensino coerente com tal direcionamento devem favorecer uma aprendizagem comprometida com as dimensões sociais, políticas e econômicas que permeiam as relações entre ciência, tecnologia e sociedade. Trata-se, assim, de orientar o ensino para uma reflexão mais crítica e questionadora, pois assim estaremos dando condições que implicam na na sociedade e na qualidade de vida de cada cidadão.

É preciso preparar os cidadãos para que sejam capazes de participar, de alguma maneira, das decisões que se tomam nesse campo, já que, em geral, são disposições que, mais cedo ou mais tarde, terminam por afetar a vida de todos.

Apesar de ser uma metodologia de consenso entre educadores, vale lembrar que, em geral, os textos sobre o assunto não apontam uma metodologia específica, uma “receita” perfeita para se conseguir formar cidadãos críticos, autônomos e participativos. Primeiro porque essa “receita”, de fato, não existe. E segundo, porque a relação entre professor e aluno não é uma relação que caiba em uma receita. Os valores, o estilo, a personalidade, a maneira de encarar o mundo do professor ainda está preso no tradicional, na existência de uma hegemonia em sala de aula. Por isso, não pretendo aqui estabelecer nenhuma receita aos professores, mas apenas fazer uma reflexão sobre a noção de espírito crítico dentro da área do ensino/aprendizagem.     

É certo afirmar que os currículos escolares estão formados no tradicional, coisa que dificulta a vida do professor. Refiro-me às rígidas divisões das áreas de conhecimento em disciplinas estanques: Física, Química, Biologia, Matemática, História… Essas divisões impedem que os estudantes reconheçam como esses conhecimentos se relacionam e, mais, como podem afetar suas vidas, tornando, assim, difícil uma discussão abrangente, a crítica e o questionamento produtivo sobre as ciências.

O outro aspecto que parece ser um obstáculo para uma aproximação das relações entre o ensino, a crítica e o questionamento na sala de aula é o receio que muitos professores têm, em particular os de ciências, de discutir temas relacionados com valores. Isso leva o professor a fugir da discussão e manter suas aulas em patamares seguros, ou seja, tradicionalmente neutra.

Em geral, e penso que isso faça parte da tradicional formação profissional-cultural do professor, nenhum ou quase nenhum deles se sente à vontade quando o tema da aula não faz parte de um conteúdo conceitual previsto. Raramente o professor aprecia o debate aberto, imprevisível. Por isso, as discussões sobre os diversos pontos de vista dos estudantes acerca dos significados éticos, políticos e sociais são naturalmente eliminados da sala de aula.

No entanto, todos sabem que os novos objetivos para o ensino/aprendizagem está pautado no debate e exigem, para tanto, educadores abertos, dispostos a questionar com seus alunos o lugar da ciência no mundo, sua relação com o bem-estar humano e com outros valores da sociedade.

Na verdade, o professor tem o papel preponderante para fomentar o debate em sala de aula, pois assim estará formando cidadãos conscientes e críticos. Contudo, a preocupação central do professor está em dar apenas o conteúdo programático, coisa absorve todo tempo da aula em mero tradicionalismo das aulas expositivas e não dialogadas.

Para isso, um ponto que deverá ser questionado consiste em se perguntar sobre a capacidade crítica dos alunos. Mais ainda, se é possível ensinar o aluno a ser crítico. Considerando que um dos elementos da formação para a cidadania resume-se em aprender a ser crítico, como desenvolver nos estudantes tal habilidade?

  Publicado em: Governo

6 comentários para O questionamento crítico!!!

  1. alex disse:

    A mentalidade, o modelo e as máximas da aprendizagem

    A função da escola pode ser resumida, de certa forma, nos seguintes termos: espera-se que aluno aprenda e que o professor oriente a aprendizagem do aluno. Fui profundamente impactado, pelo O método de ensino do Dr. Hendricks conheci-o através da leitura do excelente livro as 7 leis da aprendizagem, de Bruce H. Wilkinson conforme relado por ele resolveu colocar seu professor à prova. Certo dia, já quase ao final do último ano de graduação, resolveu submeter o professor a uma prova. Ele queria descobrir o que esse mestre faria se um de seus alunos resolvesse – quaisquer que fossem as conseqüências – não prestar atenção a sua aula, sentou-se no canto direito ao fundo da sala, encostado em uma janela, e resolveu que ficaria olhando para fora a aula toda. E como havia só trinta alunos na sala, ele certamente perceberia. Tirou o relógio do pulso e começou a cronometrar. O que é que ele faria se ele se não conseguisse atrair sua atenção?
    O prof. Hendricks sempre iniciava as aulas da mesma forma. Chegava e sentava-se à mesa. Como era esperado, ele começou a aula com aquele “tiro de largada” e soltou sua frase típica de inicio de aula, embora a mão daquele tivesse começado a tremer, ele esforçou-se a não anotar nada. Com o canto do olho, ele percebeu que imediatamente o professor notara que ele não estava prestando atenção. Então ele quebrou a tradição, e logo no primeiro minuto, soltou uma piada-totalmente fora de contexto. Se ele tivesse rido, ele perceberia de imediato que na verdade ele estava atento, por isso discretamente ele colocou a mão sobre a boca e continuou olhando para fora.
    Quando o cronômetro marcou dois minutos, bem mais cedo do que de costume, o professor se levantou da cadeira e começou a desenhar no quadro. Voltou a perceber que ele não estava anotando nada, por isso parou no meio do desenho e nem sequer o concluiu.
    Largou a caneta, dirigiu-se para o canto da sala, na direção da fileira onde o aluno se encontrava, de forma a poder encará-lo direta mente a todo custo fazer contato visual com ele. Sentiu o suor brotar na testa, mas os segundos continuavam passando, aquele aluno não ia prestar atenção.
    Por fim, o professor cedeu, aquele mestre veio quase correndo pelo corredor e gritou:
    __ Wilkinson, o que é que você tanto olha pela janela?
    Procurando fazer um ar de inocência, aquele aluno virou e disse:
    __ Nada, Professor, desculpe.
    Ele olhou para o relógio para determinar a nota dele. Haviam se passado apenas três minutos e trinta e sete segundos! Incrível.
    A tolerância do Professor para com um aluno que não estivesse prestando atenção durava só 217 segundos!
    Com essa experiência recém-assimilada, o mesmo foi para a aula seguinte, Com outro professor. O contraste era gritante Num canto daquela sala estavam vários alunos que nunca prestavam atenção. Usavam o tempo para fazer as tarefas de outras matérias. Esse professor, entretanto, jamais pareceu se deixar perturbar. Simplesmente se voltava para os alunos no outro lado e dava aula para eles. “Sua atitude mental era: Se não quiser aprender o problema é seu.” (Wilkinson 1998 p. 18,19)
    Que diferença de atitude mental entre professores! E que contraste no aprendizado dos alunos! Um professor só conseguia tolerar um aluno, desatento ao que, ele ensinava, durante alguns segundos. O outro não parecia se importar o semestre inteiro! Como é que você se sairia nesta prova de ver um de seus alunos, a olhar distraído pela janela? Você se importaria? Ou será que continuaria a dar sua aula, indiferente?
    O Dr. Hendricks acreditava que como professor ele era responsável pelo aprendizado daquele aluno. Como bem enfatiza lemos (2007 p. 21) motivar os alunos é obrigação do professor; fazer que eles compreendam a utilidade e importância do que estão estudando é também tarefa do professor.
    Em contraste, o outro professor, pensava ser sua responsabilidade, apenas dar a matéria, não se importando se alguém aprendesse ou não.

    A mentalidade da aprendizagem
    Que extraordinário exemplo do cerne da “lei da aprendizagem”. O Dr. Hendricks cria que, como professor, era responsável pelo aprendizado do aluno, como ele não estava aprendendo, faria o que fosse necessário – mudaria seu plano de aula, contaria uma piada irrelevante, ou até correria pelo corredor para confrontá-lo.
    Em contraposição, a mentalidade do segundo professor se limitava à sua responsabilidade de ministrar a matéria, quer os alunos estivessem aprendidos ou não.
    Mas Qual é a mentalidade prevalecente quanto à ao ensino, nos dias de hoje? Aconteceu um trágico divórcio. Os professores se apartaram dos alunos e me interpretaram o ensino como sendo aquilo que os professores diz, em lugar do que o aluno aprende.
    Os professores mudaram a definição do ensino. Para eles é “o falar coerente de um indivíduo à frente de uma sala de aula, dirigido a um grupo de alunos passivos”. Eles hoje crêem que sua responsabilidade primordial é ministrar a matéria de forma organizada.
    Enxergam o ensino como sendo o que eles fazem – os holofotes estão sobre eles. São muitos os professores que dão a matéria e saem da sala pensando que ensinaram. Mas se aplicassem uma prova-supresa a seus alunos, descobriam que esses não aprenderam quase nada. O divorcio entre ensino e aprendizagem É Trágico, e é a raiz de muitos dos nossos males educacionais.
    O Dr. Hendricks se constitui num modelo de mentalidade revolucionária. Para ele, ensino não era o que ele fazia, mas, sim, o que os alunos faziam. O foco da atenção não estava sobre ele, mas sobre os alunos. E já que aquele aluno que olhava pela janela não estava aprendendo o Dr. Hendricks concluiu que ele estava impossibilitado de ensinar. Foi por isso que parou de ministrar o conteúdo da aula e disparou por aquele corredor até chegar ao lugar onde aquele aluno se encontrava! Dar para imaginar como tudo poderia ser diferente se os professores tivessem o mesmo comprometimento do Dr. Hendricks?
    Além do mais, o que é que tem a dizer a cerca dessa questão de ensino? Será que abandonamos a perspectiva divina e as diretrizes que Deus deu para os mestres?
    Em todos os lugares aonde vamos sempre vemos os professores dando sua definição das responsabilidades de aprendizagem. “E via regra, eles respondem: “Ensinar os fatos”, ou “dar a matéria”, ou completar o plano de aulas”. O foco dessas definições está em tudo, menos na aprendizagem do aluno!
    De alguma forma acabamos pensando que ensinar é sinônimo de falar. Se chego à sala de aula e exponho tudo que está em minhas anotações, fazendo com que você dê algumas risadas, que copie alguma coisa e faço uma ou duas perguntas, penso ter lhe ensinado alguma coisa, isso não é ensino.
    O que significa “Aprender”?
    O que significa “Ensinar”? Como é que esses dois conceitos – aprender e ensinar – estão relacionados? Será que estão divorciados um do outro, como hoje viemos a crer?
    Para podermos captar o sentido mais completo dessas palavras, vamos investigá-las na língua original, o hebraico, a palavra aprender, e ensinar trata-se da mesma palavra: é isso mesmo, a mesma palavra hebraica significa “aprender” e “ensinar”. Percebe
    A importância disso? Não podemos divorciar o ensino da aprendizagem. Estão casados; são um. O que o professor faz o é o que o aluno faz acham-se profundamente ligados.
    Vejamos mais alguns dados a cerca dessa palavra hebraica, que é traduzida como “ensinar e aprender”. A raiz significa “aprender”, mas quando a alteramos, unindo-a a outro termo chamado piel, seu significado muda, passa a ser “ensinar”.
    De acordo com a gramática hebraica, o seu sentido básico de piel é “ocupar-se avidamente da ação indicada pela raiz”. E qual é a raiz?”aprender”. Ensinar, portanto, significa ocupar-se avidamente da aprendizagem dos alunos. Também significa “persuadir”, “levar outros a fazer”, e a “impaciente busca de uma ação”.
    Dá para perceber que a mentalidade bíblica se opõe à que costumeiramente adotamos.
    A Bíblia diz que significa “levar aprender”. Esse é o âmago da aprendizagem. Daqui em diante, não podemos mais considerar o ensino como uma mera prática do professor à frente de uma sala de aulas. Ensino é o que o professor faz no aluno. E como é que avaliamos se somos ou não um bom professor? Pela medida do que os alunos aprenderam.
    É por isso que o Dr. Hendricks interrompeu o que estava fazendo e correu em direção do aluno para chamar sua atenção. Ele sabe que, como aquele aluno não estava aprendendo, ele não estava ensinando.
    Será que da para imaginar o que ocorria pelo país a fora se os professores voltassem a ter essa mentalidade básica? se eles caminhassem pelos corredores, não com seus esboços e notas de aula, mas sim com os alunos? Se fizessem um pacto de serem fieis a orientação bíblica de “levar a aprender”? Haveria uma revolução. A aprendizagem, uma vez mais, elevar-se-ia, a disciplina voltaria, e os alunos passariam a gostar de aprender, em lugar de odiarem a escola.

    O modelo de aprendizagem

    Aluno
    ASSUNTO
    Conteúdo

    FOSSO DE
    PASSIDADE classe

    A “Lei da aprendizagem” é ilustrada pelo desenho acima. A figura retangular à esquerda representa o “orador” ou “comunicador”. A central é o “assunto” ou “conteúdo”. À direita, temos a figura que representa o “aluno” ou “classe”.
    As duas setas menores representam as ações por parte do professor e do aluno. Normalmente, o professor focaliza sua atenção no assunto – ele “palestra” e profere “palavras” – enquanto a função dos alunos é “ouvir” e “escrever”. Reparem no enfoque de ambas as setas – está posto no processo de ministrar a matéria. E o que geralmente ocorre é uma profunda ausência de aprendizagem. Os alunos se sentem livres para colocar a mente em “ponto morto”, enquanto engrenam tão-somente e as canetas, e, via de regra, caem no “fosso de passividade”.
    A mentalidade correta requer que o professor reconcentre a atenção, deslocando-a do assunto para o aluno. Isso é representado pela seta inferior, que vai do professor ao aluno, e traz o conceito “levar a aprender”.
    Um dos comentários mais contundentes que já vi veio de um pai, morador de bairro pobre, frustrado com o gritante fracasso educacional, que não “levar o aluno a aprender”, conforme ele constava em sua própria filha:

    “Vocês operam esse monopólio como se fosse uma campanha telefônica. Não tenho outra escolha sobre a escola de minha filha. Só posso matriculá-la numa escola pública.
    “E ela não está aprendendo.
    “E o fato de ela não estar aprendendo direito é responsabilidade de vocês; é responsabilidade do diretor, e dos professores. E quando vocês erram, e quando todos falham com relação à minha filha, o que acontece? Nada. Ninguém é despedido. Ninguém é penalizado por isso, exceto minha filha”.
    Que situação trágica… Mas como é verdadeira. (Wilkinson 1998 p.23)

    • admin disse:

      Alex, perfeito. Itiro explica com maior ênfase como chamar a atenção dos alunos para que se tenha a retenção. Por outro lado, essa ilustração feita por você mostra que na educação de qualidade deve-se sempre buscar a historicidade dos alunos, visto que nem todos aprendem de uma mesma maneira, pois numa sala existe a heterogeneidade e não a hegemonia tão imposta das linhas positivistas. Como é importante debatemos educação dentro de sua essência. Parabéns Alex!!!

  2. ANTONIO disse:

    O outro lado da greve que a imprensa não divulgou
    Milton Teixeira*

    O quadro histórico de abandono que figura a Educação do nosso estado, provocado pelos sucessivos governos, principalmente pela oligarquia Sarney, justifica alguns indicadores: o Maranhão é o estado brasileiro que mais possui cidades em situação de miséria, ou seja, que possui pessoas recebendo menos de 80 reais/mês; 31,7% de sua população é analfabeta; mais de 80% das terras agricultáveis do estado estão nas mãos de meia dúzia de empresários. Toda essa situação coloca o estado em 1º lugar no país em exportação de mão de obra escrava e, isso possibilita o controle político da maioria da população empobrecida, exigindo de todos os segmentos sociais uma postura crítica e propositiva, bem como o empoderamento dos/as educadores/as através de sua organicidade política.

    Romper com essa realidade perversa requer significativos investimentos na Educação e também no setor de geração de emprego e renda. Não basta dizer que se paga um dos “melhores salários do país”, é preciso definir claramente por meio do Estatuto do Educador os direitos, deveres e a vida futura dos profissionais da educação, além de excelentes condições de trabalho; recuperar as perdas salariais acumuladas ao longo de mais de 5 anos; reestruturar e aparelhar as escolas; manter o aperfeiçoamento profissional de forma contínua; convocar os educadores concursados e acabar com a disparidade salarial entre educadores efetivos e contratados, que acaba por tornar estes últimos vítimas de humilhações, restringindo a liberdade de expressão dos mesmos, quando são impedidos de usufruir o direito lícito da greve por frases ditas por alguns gestores escolares: “cuidado, senão o teu contrato não vai pra São Luís!”, “se você aderir a greve, irei colocar faltas. Não que eu queira, mas estou aqui pra cumprir ordens!”, “Essa greve não vai dar em nada, pois quem manda neste estado é a família Sarney”. Essas falas covardes impedem que a educação cumpra sua função social – desenvolver nas pessoas a consciência crítica e por meio do exercício da cidadania, fazer com que as mesmas alcancem sua dignidade e desmoraliza alguns “educadores”, pois evidencia a contradição entre a cidadania ativa pregada em sala de aula e o comportamento inerte dos mesmos diante da violação de direitos pelo aparato estatal.

    Nenhum/a educador/a gosta de estar em greve, pois do ponto de vista da lei, a greve é o último recurso a ser utilizado pelo sindicato quando não se chega a um acordo entre as partes. É importante lembrar que em 2009 o governo estadual fez um concurso público, abrindo 5.320 vagas para educadores, porém ficou um déficit de 1.974 vagas, quase um mês depois, ao invés de convocar os educadores aprovados excedentes, o governo realizou um seletivo, abrindo 3 mil vagas para contratar educadores e pagar salários de 650 reais (20horas), um terço do salário do educador efetivo, desrespeitando de maneira vergonhosa o que determina a Constituição Federal Brasileira em seu artigo 37, Inciso II – “ a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos…”, bem como o princípio da isonomia salarial, definido pelo artigo 7º, Inciso XXXIV – “igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso”.

    Alguns fatos demonstram que o atual governo não tem compromisso com a Educação, prova disso é que no ano passado se negou a reajustar o salário dos educadores em 12%, alegando falta de recursos, porém concedeu aumento para os deputados estaduais que passaram a ganhar em torno de 20 mil reais/mês, acompanhando o efeito cascata do governo federal. Outro fato, preocupante é que se sabe que enquanto a secretária de Estado da Educação, Olga Simão resiste em negociar com o SINPROESEMMA, o deputado federal Gastão Vieira, se prepara para surgir como “salvador” da educação, visando uma possível candidatura ao governo do Estado no futuro.

    A greve é legal, mesmo que a governadora Roseana Sarney tenha de forma estranha e rápida conseguido decretá-la ilegal. O artigo 67 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 explicita de maneira clara que as reivindicações do SINPROESEMMA procede, quando define que “Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público:
    I. ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos
    II. aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim
    III. piso salarial profissional
    IV. progressão funcional baseada na titulação ou habilitação e na avaliação de desempenho
    V. período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga horária
    VI. condições adequadas de trabalho”

    Na verdade a pauta de reivindicações do SINPROESEMMA é o desdobramento dos dispositivos legais e um instrumento concreto de reverter a triste realidade que nos cerca, conheça-as:

    1- Aplicação imediata de Tabela Salarial com base na Lei do Piso;
    2- Aprovação imediata do Estatuto do Educador acordado com o governo em 2010;
    3- Criação de um Plano Estadual com a participação democrática dos educadores do Maranhão;
    4- Concurso público imediato para funcionários de escola;
    5- Prorrogação da validade do concurso 2009;
    6- Nomeação dos excedentes do último concurso público;
    7- Concessão imediata das Promoções, Progressões e Titulações;
    8- Regularização de concessão das licenças prêmios;
    9- Cumprimento da decisão judicial, quanto ao pagamento do acordo revogado pela Lei 7.885/2003;
    10- Garantia de horas extras para os educadores que ultrapassarem a jornada de trabalho semanal na unidade de ensino;
    11- Celeridade no processo de aposentadoria;
    12- Formação inicial e continuada aos educadores;
    13- Ampliação do Programa Pró-Funcionário;
    14- Criação da gratificação de estímulo profissional para funcionário de escola;
    15- Cumprimento da legislação (CEE/MA)vigente quanto ao limite de alunos e sala de aula;
    16- Isonomia salarial entre os professores contratados e efetivos;
    17- Reajuste imediato do vale transporte;
    18- Fim da terceirização nas escolas;
    19- Melhoria das condições de trabalho;
    20- Promoção da melhoria das condições de saúde e segurança no trabalho em todos os espaços das escolas públicas estaduais;
    21- Regionalização da assistência à saúde;
    22- Criação de um plano estratégico de recuperação e ampliação das estruturas físicas do sistema educacional.

    A greve divide opiniões, isso é natural. O que não é natural e nem aceitável é que a imprensa em quase toda a sua totalidade se negue a divulgar aquilo posto e defendido pelo SINPROESEMMA, impedindo que a sociedade conheça o que está por trás dos bastidores e, que uma vez divulgado faria com que conhecêssemos a verdadeira face deste governo autoritário e manipulador.

    ——————-

    *Professor de Filosofia recém-nomeado no estado do MA e secretário executivo do CDVDH/ Carmem Bascaran, Açailândia-MA

    • admin disse:

      Em vários pontos você disse a verdade e em outros fatos que não condizem com a realidade, como o aumento dos salários dos deputados. O Legislativo é um poder independente e o Executivo não pode interferir em suas ações administrativas e de votação. Em outros momentos, você esquece que os que se diziam salvadores da patria governaram o estado por sete anos e nada fizeram, apenas a Lei do Cão. Por outro lado, você se liga somente na progressão profissional do professor, coisa justa, porém esquece que a educação brasileira ainda vive sem definição de linha pedagógica, de uma avaliação crítica e questionadora, de um ensino/aprendizagem que possa modificar o cidadão brasileiro, não só o maranhense. A discussão sobre educação não pode se restrigir a política partidária, mas sim na política educacional.

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