Não pode ser secundarizado o papel que a universidade pública brasileira cumpre na transformação social, no desenvolvimento e na soberania do país, e cabe lembrar que tal papel encontra-se intrinsecamente relacionado com o modelo de Estado. O cumprimento da função social da universidade e de seu papel no fortalecimento do Estado brasileiro está comprometido nas áreas da educação e da saúde. Assim, reafirmo que educação e saúde são direitos sociais, portanto, direitos da(o) cidadã(o) e deveres do Estado, não devendo ser mercantilizados, conforme preconiza a Organização Mundial do Comércio.
A UFMA, por exemplo, tem que assumir o seu papel de idealizadora nessas questões, usando do artigo 207 da Constituição Brasileira. Por outro lado, o governo Estadual e o municipal de São Luís e das outras cidades que possuem campos universitários, tem que exigir maior empenho no cumprimento desse artigo 207 da constituição. Cabe, ainda, a mobilização da classe política, na Assembléia Legislativa e nas Câmaras Municipais, além da mobilização do corpo docente e discente da universidade, e até da própria comunidade.
A Universidade não pode se restringir apenas ao ensino, deixando a pesquisa e a extensão, sua maior função cair no esquecimento.
Se a situação caótica na saúde de São Luís está insuportável, os culpados são os próprios gestores, nesse caso o secretário de saúde de São Luís e do reitor da UFMA, ambos médicos, e com certeza conhecedores da autonomia da UFMA no que tange formar uma parceria e colocar a disposição da comunidade o Hospital Dutra, que é de alta complexidade e está apenas servido para fazer curativos. Não se concebe isso. Que preocupação tem essa gente com a coisa pública e o direito do cidadão? Juro que pensei que existisse essa parceria, caso soubesse que não, principalmente quando do uso politiqueiro da tal procissão de ambulâncias, já tinha trazido à tona esse descalabro universitário e da Prefeitura de São Luís, que se restringe a dois Socorrões, que estão completamente fora dos padrões exigidos pela Organização Mundial de Saúde. BASTA!!!
Por isso, observa-se que nenhuma das vertentes que reivindicam para si o diagnóstico das dificuldades que o SUS (Sistema Único de Saúde) enfrenta tem, na verdade, entrado no debate central. Afinal, a questão é muito mais grave e envolve, além do financiamento e gestão, o modelo de atenção, o controle social e a impunidade, que é a regra.
Se a UFMA e a Prefeitura de São Luís, que se diz municipalizada, plena e de alta complexidade, estivessem realmente preocupadas com a saúde dos cidadãos, com certeza os alunos do último ano do curso de medicina e de enfermagem estariam atendendo pacientes de baixa complexidade nos postos de atendimentos, que nunca tem médico ou enfermeira para atender. ISSO É UMA FORMA DE PESQUISA E EXTENSÃO, ENTENDERAM DR. NATALINO SALGADO (REITOR DA UFMA) e DR. GUTEMBERG (SECRETÁRIO DE SAÚDE DO MUNICIPIO DE SÃO LUÍS). Sabe-se que para garantir essa parceria, através da autonomia, a Prefeitura teria que disponibilizar recursos para a UFMA. Será possível que com a quantidade de recursos que São Luís recebe do SUS, está se negando a fazer essa parceria? Se for isso, fica provado que São Luís não é só cidade dos buracos, mas também cidade descompromissada com a saúde dos ludovicenses. Dinheiro tem!!!
Por outro lado, vale sempre ressaltar como contra-hegemônico, a principal e mais poderosa ameaça à histórica e predadora ação patrimonialista do Estado brasileiro, tudo vem sendo feito para evitar sua plena consolidação. Pensado como política de Estado que deveria ser imune aos governos, o SUS tem sido desconstruído por políticas absolutamente dessintonizadas de seus princípios e arcabouço jurídico.
Desde a contratação de serviços, dos mais simples aos mais especializados, em substituição ao público, passando pela intermediação de mão de obra descompromissada, que saem das universidades pensando apenas no lucro, coisa que se deve mudar através de modificações no currículo do curso de medicina. Essa é das raízes que assolam o país, sob silêncio assustador dos que deveriam zelar pelo cumprimento das regras do jogo, como o Ministério da Educação, Ministério da Saúde e até do Poder Judiciário.
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