Marcelo Tavares mais uma vez usa do senso comum para atacar o governo

Publicado em   12/maio/2011
por  Caio Hostilio

No afã de desqualificar o Programa Integrado de Educação Profissional do Maranhão, lançado na quarta-feira (11), pela governadora Roseana, o deputado Marcelo Tavares, da tribuna da Assembléia, hoje (12), dentro do senso comum, disse que esses cursos profissionalizantes deveriam fazer parte das escolas de ensino regular médio do Estado.

Primeiramente, educação deve ser discutida por educadores ou ao menos por aqueles que conheçam a história da educação brasileira e suas falácias. Portanto, não se discute o que não se conhece em sua essência.

O deputado Marcelo Tavares deveria saber que todas as tentativas, no Brasil, desde os anos 40, em juntar ensino regular ao profissionalizante tiveram resultados péssimos, principalmente o imposto pela lei 5692/71, que não conseguiu formar técnicos e nem tampouco dar condições aos alunos de ingressarem numa universidade. 

Não conheço nenhum aluno que saiu de uma escola técnica de nível médio que, se a duras penas chegou à universidade, fez elogio ao ensino que obteve antes do nível superior. Seja lá de qual escola veio, o aluno do ensino técnico, nesses últimos 30 anos em que acompanho suas trajetórias na universidade, reclama mais que os outros – e não sem razão – pela sua dificuldade no ensino superior, pois não tiveram ensino/aprendizagem em disciplinas fundamentais, como filosofia, sociologia, geografia, história etc. nos cursos técnicos e, principalmente, nos advindos do antigo 2º grau (lei 5692/71) que cursaram ao mesmo tempo o ensino regular-técnico.

Só para que o deputado tenha uma idéia, os candidatos que disputaram a presidência da República, em 2010, falaram tanto do ensino técnico que implantariam, porém não disseram como construiriam um sistema de ensino técnico tanto profissionalizante quanto propedêutico à universidade.

O ensino técnico no Brasil tem uma tradição de cultivar a terminalidade. Ele nasceu entre o Império e a República não para favorecer o desenvolvimento do país, mas para encontrar um lugar para o pobre. A Era Vargas o instituiu de modo mais amplo, a partir da década de quarenta. Obra do Ministro de Educação Gustavo Capanema. Depois, nos anos sessenta, quando o ensino ficou livre de vez das amarras horizontais da legislação, houve a tentativa do ensino médio qualificar tanto os que escolhessem o regular quanto o técnico. Daí em diante, não criou nenhuma boa tradição. Tanto é que, quando em 1971 a Ditadura Militar tornou todo o ensino médio em ensino regular-profissionalizante, isso só serviu para inviabilizar a escola média e desacreditar de vez o ensino técnico perante as classes médias e, até mesmo, perante as classes populares. Em 1978, o próprio governo federal, ainda no ciclo dos governos militares de 1964, reconheceu o erro e eliminou a obrigação da escola média de se manter filiada à proposta regular-profissional.

A inviabilização desse projeto da Ditadura Militar deixou para vários entre nós uma experiência: que a insistência nesse tipo de educação não era algo a ser feito novamente. Para além dos problemas pedagógicos, que realmente mostraram os erros dessa insistência, um dos elementos mais fortes para sua inviabilização foi a rejeição do modelo pela própria população a quem ele foi destinado.

A profissionalização no ensino médio que sempre foi aceita pela população brasileira, mas não unificada ao ensino regular, é a forma oferecidas pelo Senai e SENAC

Por outro lado, essa mesma população brasileira, diante da falácia de unir ensino regular ao profissionalizante, sempre preferiu o ensino médio como uma educação propedêutica à universidade. O filho do pobre sempre sonhou com a profissionalização na universidade e, se assim não acontecia por obra da barreira do vestibular, jamais quis fixar sua dedicação em uma escola técnica profissional. Afinal, ele sempre soube que, para uma profissionalização naquele nível, as próprias empresas dariam treinamento técnico-profissional – sem dúvida melhor do que faria uma escola de rede pública ou privada.

Todavia, a idéia de juntar o ensino regular ao técnico não passa de uma tentativa daqueles que assam o peixe, mas não o comem, pois sempre comeu bons peixes e sabe que o assado por ele está contaminado pelo agro-tóxico da hegemonia do pensamento conservador burguês.

O ensino médio não tem como ser bom, como a história já provou, unindo regular-técnico ao mesmo tempo. Expandir o ensino técnico médio de modo real, mantendo-o como um ensino que realmente profissionaliza e que não castra aqueles que preferem o regular.

Ficaria muito caro uma rede de escolas técnicas de boa qualidade para além das redes do ensino regular, conforme proposto pelo governo Roseana e pela criação dos IFMAs pelo presidente Lula.

As escolas de ensino regular, na verdade, tem que resgatar o ensino/aprendizagem de qualidade, cujo objetivo é gerar jovens mais informados sobre o mundo e, portanto, capazes de lidar com saberes para além do ensino regular-profissionalizante ao mesmo tempo.

Portanto, deputado Marcelo Tavares, lute pela qualificação do ensino regular, visto que o Brasil precisa formar cabeças pensantes e não deixe de brigar pelas profissionalizantes, pois os investimentos vão precisar de técnicos qualificados.

  Publicado em: Governo

3 comentários para Marcelo Tavares mais uma vez usa do senso comum para atacar o governo

  1. Paulo Cesar disse:

    Não vai falar nada do quebra-quebra comandado pelos marginais comandados por Roberto Costa (como já disse em post anterior o fato de Roberto Costa só é conhecido por essas badernas) no lançamento do “Maranhão Profissional”?

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