Brasileiros: Vai gostar assim de corrupção lá na baixa da égua!!! Fábricas de roupas usariam lixo hospitalar na confecção de seus produtos

Publicado em   24/out/2011
por  Caio Hostilio

O que começou com a apreensão, no Recife, de contêineres contendo lençóis usados em hospitais dos Estados Unidos acabou se revelando um problema de risco à saúde pública ainda maior. Denúncias de que fábricas de tecido usam os produtos para a confecção de roupas vendidas em todo o país, o material vai parar em camas de hotéis e motéis brasileiros e há unidades de saúde fornecendo os mesmos materiais para esses fins acionaram o sinal de alerta entre autoridades e consumidores.

Os especialistas são cautelosos na hora de avaliar a dimensão do problema. Mas, para se ter uma ideia, já foram apreendidas 9t de lixo de lençóis usados, levando-se em conta as apreensões no Porto de Suape (PE), em 11 e 13 de outubro, e em fábricas da Império do Forro de Bolso, no mesmo estado, nos dias seguintes. Essa quantidade de tecido seria suficiente para fazer bolsos para cerca de 7 milhões de calças jeans, segundo a professora de engenheira têxtil da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Fábia Ribeiro.
A infectologista Valéria Paz Lima, do Hospital Universitário de Brasília (HUB), alerta para os riscos de contaminação em pessoas que tenham contato com roupas e lençóis provenientes de resíduos hospitalares. “Esses tecidos precisam de cuidados importantes porque há pacientes infectados por bactérias multirresistentes ou com vírus como o HIV ou algum tipo de hepatite que podem ser transmitida”, alerta. Segundo a médica, o processo de lavagem e de descontaminação do hospital é fundamental para evitar o ciclo de transmissão de agentes. “Mancha de sangue é inaceitável. Não se recomenda a reutilização de material hospitalar fora do hospital porque existe o risco de estar presente um micro-organismo naquele tecido. É uma exposição desnecessária porque, se for uma pessoa com saúde debilitada, há maior possibilidade de infecção”, aponta a médica.
Valéria considera o uso de tecidos enviados por hospitais norte-americanos ainda mais grave que o de hospitais brasileiros. “As bactérias dos Estados Unidos são diferentes das que existem aqui e essa é uma maneira de introduzi-las no nosso país”, observa a médica, recordando o episódio, em 2010, das 22 mortes causadas pela KPC. Segundo Valéria, a bactéria surgiu primeiro nos Estados Unidos e, somente depois, chegou ao Brasil. “Como ela veio parar aqui?”, questiona a infectologista, admitindo a possibilidade de transmissão por meio dos tecidos embarcados clandestinamente para o Brasil.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, na última quinta-feira, nota técnica comentando o assunto. Segundo o documento, os tecidos utilizados em hospitais “só devem ser reutilizados após processamento específico que garanta a eliminação do risco, realizado em unidades de processamento de roupas de serviços de saúde”. Em um manual de orientação relacionado ao processamento de roupas de serviços de saúde publicado em 2009, a agência garante que o risco de contaminação é baixo quando o tecido recebe o tratamento devido.

  Publicado em: Governo

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