Hei Dutra, o PT jogou errado!!! Você vinha presidindo bem a CDH, mas o seu partido não ligou e sequer deu crédito ao trabalho ali desenvolvido, bem como falou o ex-Big Brother Jean Wyllys (Psol-RJ). Agora, dizer que houve armação com ruralistas é demais!!! O certo é que a bancada petista jogou no colo desse preconceituoso a CDH.
Congresso em Foco
Penúltimo colegiado a ser escolhido na semana passada pelos líderes partidários, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDH) da Câmara acabou no centro de uma polêmica nos últimos dias. O motivo é a possível indicação do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) para presidir o órgão. Seu nome, ainda não formalizado pelo PSC, enfrenta resistência de deputados ligados à defesa dos direitos humanos e de entidades da comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT). Há até uma guerra de abaixo-assinados, contra e a favor à eventual indicação dele, na internet.
A reação contra Marco Feliciano se deve a algumas declarações polêmicas dadas pelo deputado nos últimos anos. No Twitter, em 2011, ele chamou negros de “descendentes amaldiçoados de Noé”. Contra homossexuais, chegou a dizer que “a podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam (sic) ao ódio, ao crime, à rejeição. Amamos os homossexuais, mas abominamos suas práticas promíscuas”. Em discurso na Câmara, ele defendeu a limitação de divórcios a um por pessoa, pois, na avaliação dele, “uma família destruída hoje projeta sequelas por toda uma geração”. O deputado diz que a resistência ao seu nome é fruto de perseguição religiosa e de “cristofobia“.
A bancada do PSC na Câmara se reúne amanhã para decidir se confirma a indicação de Marco Feliciano.
Desta vez, porém, PT e PCdoB voltaram suas atenções para outras comissões. Quando os deputados ainda discutiam a criação de dois novos colegiados, os petistas decidiram que, das quatro escolhas a que o partido teria direito, a CDH seria a última. As comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Relações Exteriores e Defesa Nacional e a de Saúde, uma das novas, seriam as três primeiras escolhas. A ideia era manter a CCJ, assumir a Comissão de Relações Exteriores no lugar do PCdoB e abrigar o grupo ligado ao ex-presidente da Casa Marco Maia (PT-RS) na Saúde.
Com a dificuldade de desmembrar as comissões de Turismo e Desporto (CTD) e Seguridade Social e Família (CSSF), a solução encontrada pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), foi dividir a de Educação e Cultura (CEC). A nova Comissão de Educação ficou com o PMDB, enquanto a recém-criada Comissão de Cultura, com o PCdoB. Esta é a principal área de atuação da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), ex-secretária municipal de Cultura do Rio de Janeiro. O PT, porém, não voltou a se reunir para discutir uma nova divisão dos colegiados, já que o partido perderia uma escolha com a divisão apenas da CEC.
Por causa disso, o PT acabou sendo apontado como um dos culpados pela possibilidade de Marco Feliciano assumir a CDH. No Twitter, o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ), principal nome na Câmara na defesa da causa LGBT, atribuiu a mudança de comando da comissão aos petistas. Na visão dele, ocorreu um acordo para garantir a governabilidade. “O que mostra o quanto o PT está comprometido mais em se manter no poder do que com a defesa dos direitos humanos de minorias”, disparou.
Deputados ligados aos movimentos de direitos humanos do PT acreditam em um outro motivo para o PSC escolher a CDH: uma suposta articulação da bancada evangélica com os ruralistas para evitar debates em questões como reforma agrária e concessão de terras para descendentes de quilombolas e índios. “Lamento profundamente este desfecho”, disse o atual presidente da CDH, Domingos Dutra (PT-MA). Para ele, ruralistas e evangélicos se uniram para esvaziar a comissão. No ano passado, explicou, o colegiado teve audiências públicas sobre terras indígenas e de quilombolas, contrariando interesses de agricultores e pecuaristas interessados em mais espaços para produção.
Publicado em: Governo