Na Câmara, em dia sem votações, deputados se revezaram na tribuna para expor falhas do próprio Congresso. Já senadores reconheceram a dificuldade de interlocução com os manifestantes. Como pode um Legislativo querer ter credibilidade se não coloca em votação o Novo Código Penal Brasileiro e vota a absurda PEC 37? Por outro lado, viu-se a CPI do Cachoeira acabar em pizza e todos sabem das mais diversas falcatruas nos três poderes, isso nas três esferas governamentais, coisa que vira um joguinho de empurrar com a barriga…
Deputados e senadores usaram a tribuna das duas Casas para se manifestar sobre o que aconteceu no dia anterior. Na Câmara, em um dia que a falta de acordo resultou no encerramento da sessão plenária sem votações, muitas críticas ao atual modelo político, à passividade do Legislativo ante o Executivo e discussões entre governistas e oposicionistas. Do outro lado do prédio, senadores tinham uma outra visão. Ressaltavam o movimento, mas apontavam a dificuldade de conversar com líderes e integrantes.
“É importante localizar que nessa mobilização está uma crítica à omissão desta Casa. Este plenário foi invadido por índios pedindo uma legislação que defendesse os seus direitos. Esta é uma Casa que tem votado a favor dos ricos. Está aí a essência da crítica! Aqui e nas assembleias legislativas, tem-se que fazer uma autocrítica de como estão tratando essas questões”, avaliou o deputado Fernando Ferro (PT-PE), ex-líder do partido na Câmara.
Do mesmo partido, o vice-líder do governo, Henrique Fontana (PT-RS) aumentou o tom da crítica. Disse que muitas vezes o Congresso é pautado por interesses corporativos extremamente localizados. Como exemplo, citou a PEC 37, que torna a investigação criminal exclusiva das polícias judiciárias. “Nós temos sido pautados com muita frequência por pautas de interesses corporativos extremamente localizados, que são legítimas e importantes, mas que não devem ser o centro da pauta do Parlamento brasileiro”, disse.
As críticas ao trabalho do Legislativo vieram também da oposição. Mas tiveram um viés ligeiramente diferente. Para o líder da minoria, Nilson Leitão (PSDB-MT), o governo federal tem culpa. “Eu ouvi também muitos dizerem que o Congresso é o palco de tudo isso. E é verdade. O Congresso Nacional continua sendo o puxadinho do Planalto — a Oposição não admite isso —, continua sendo pautado pelo Planalto”, afirmou.
Durante a manifestação de segunda, poucos parlamentares estavam no Congresso. Um grupo de senadores tentou conversar com os manifestantes, mas não tiveram sucesso. Eduardo Suplicy (PT-SP), Inácio Arruda (PCdo_B-CE), Paulo Paim (PT-RS) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) pretendiam encontrar com líderes do protesto. No entanto, acabaram desencorajados pela segurança do Senado e desistiram.
Os políticos brasileiros precisam respeitar o povo!!!
Publicado em: Governo