Esse sentimento é da maioria das legendas aliadas!!! Eduardo Cunha (PMDB) faz criticas à coalização com o PT

Publicado em   14/jul/2013
por  Caio Hostilio

Ele, entretanto, apesar de achar que “não há nada tão ruim que não possa piorar”, prevê uma recuperação da presidente Dilma

Tereza Cruvinel

20130713190805984887oNo momento mais crítico da aliança PT-PMDB, que elegeu a presidente Dilma Rousseff e sustenta o governo no parlamento, o líder peemedebista Eduardo Cunha avalia que o Planalto está “literalmente perdido no Congresso”. Ele anuncia que a maioria dos deputados peemedebistas é favorável ao rompimento do acordo, mas o partido “ainda” não. “Hoje, o governo finge que tem base e a base finge que é governo”, diz, nesta entrevista exclusiva para o Correio.

A agressividade, entretanto, vem no tom de quem deseja que essa situação seja revista. “Vocês acham que a gente briga para sair, mas nossa briga é para entrar, participar das políticas de governo. Hoje, não temos ministérios, temos ministros”, repisa, em tom de mantra. Ele, entretanto, apesar de achar que “não há nada tão ruim que não possa piorar”, prevê uma recuperação da presidente Dilma. “Não pense que a Dilma morreu, ela está no segundo turno da eleição do ano que vem. O mundo do governo não acabou, e a recuperação política só depende dela.”

A aliança PT-PMDB atravessa o pior momento. O senhor concorda?

A aliança está mal, parada por vários fatores, mas acho que o mais grave para esse governo é a relação com o Congresso como um todo. O que vemos é uma base parlamentar completamente esfacelada. Havia antes uma discussão sobre os fundamentos da aliança PT-PMDB, dificuldades nos estados, problema de sub-representação, para os quais eu já havia alertado. Da parte do governo, havia uma aversão ao debate e ao diálogo político com os partidos. Depois das manifestações, parece-me que a própria governabilidade entrou em risco. Basta ver o que houve nas últimas votações, por exemplo, dos royalties, em que o PMDB foi muito correto e leal, votando em sintonia com o governo e o PT. Fomos derrotados juntos. A votação foi a fotografia clara de uma coalizão estraçalhada.

Como resolver isso?

Nós não somos o governo, somos o Congresso. Cabe ao governo buscar a saída, que é fazer mais política. Mas não tentando desviar do foco dos protestos e colocando os problemas no colo do Congresso, como na tentativa de plebiscito.

O que é “fazer mais política”?

Tratar das questões como sempre foram tratadas nesta Casa. Sempre afirmei que a articulação política do governo estava equivocada. Sempre houve uma dificuldade enorme de diálogo. E não estou dizendo novidade alguma. Li uma entrevista do ministro (da Educação, Aloizio) Mercadante dizendo a mesma coisa. Há quatro meses, mencionei esses problemas e fui chamado de rebelde. Até usei uma expressão, naquela ocasião: a ampulheta virou, entramos na contagem regressiva para as eleições, quando todos aqui passam a viver a síndrome TPE, tensão pré-eleitoral. A antecipação da campanha não foi feita por nós, e sim pelo próprio PT, no começo do ano, com o lançamento da candidatura da presidente Dilma. Quando isso acontece, as pessoas se sentem mais liberadas para expressar opiniões e a pensar no próprio umbigo. Esse quadro, que já prejudicava a governabilidade, foi agravado pelas manifestações e pelas quedas, que considero momentâneas, na popularidade da presidente.

Mas os problemas com o PMDB começaram com sua eleição para a liderança, não?
É aquela velha história: quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? Não me elegi buscando a deterioração da relação do PMDB com o PT. Fui eleito por uma maioria que já carregava o sentimento de que estava difícil manter a aliança nas condições em que estava. A defesa da aliança ainda é majoritária dentro do PMDB. Pode até ser que, em algum momento, não seja mais.

Os problemas estão concentrados na Câmara? No Senado, as relações são mais pacíficas?
Em primeiro lugar, dois terços dos senadores não serão candidatos em 2014. A bancada na Câmara está em crise por conta de um somatório de pequenas coisas que levou muita gente a pensar: o partido tem seu tempo de televisão, calculado segundo o tamanho da bancada eleita, o que determina o peso da legenda lá na frente. O PMDB, em 2006, não participava da aliança e, no entanto, fez o maior número de parlamentares e ganhou força para negociar a coligação em 2010. Hoje, o partido percebe que, dentro da aliança, corre o risco de redução. Na eleição municipal do ano passado, embora conquistando o maior número de prefeituras, o PMDB perdeu parte das que tinha. Isso assustou a bancada, que viu a perda como consequência da política de aliança equivocada do governo Dilma. A partir dele, o PMDB ficou sub-representado e teve seu papel reduzido. Parece que o governo entendeu que, por ter indicado o vice na chapa vitoriosa, o PMDB não precisaria de mais nada. Na verdade, a bancada não briga para sair do governo. Briga para entrar, porque não entrou ainda.

O senhor disse que a defesa da aliança “ainda” é majoritária no partido. Quem quer rompê-la?

Não há dúvida de que alguns defendem a independência do partido em relação ao governo. Dentro da bancada da Câmara, eu diria que esta posição hoje é majoritária. Mas em nível de partido, de convenção nacional, que decide sobre alianças, ainda não é.

A maioria da bancada então prefere sair do governo, entregando os cargos?

A bancada nem está preocupada em entregar cargos, porque ela não os tem. Entregar ou não, para a bancada da Câmara, é exatamente a mesma coisa.

  Publicado em: Governo

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