Basta recordar os apoios incondicionais a Kabão, Eduardo Castelo Branco, Zé Arlindo, Tema, Humberto Coutinho, Rubens Pereira, Zé Reinaldo e outros mais… Agora, buscam o apoio de Castelo!!!  

Governabilidade: Essa Estranha Palavra

Do blog Cabo Vivo – Douglas Menezes

Não me perguntem, porque não sei responder. O que faziam PT, PCdoB, PSB na pequena cidade de João Alfredo, interior de Pernambuco, com  bandeiras e gritando  palavras de ordem a favor do ex deputado Severino Cavalcante,  nas eleições de dois mil e oito, para prefeito?  Não sou idiota, nem acho que os leitores também o são, Sei que a afirmativa mais lógica seria: fazendo campanha para o candidato. Outra coisa era pouco plausível.

Na verdade, quando digo que não sei responder é porque  trata-se da perplexidade de ver partidos ditos de esquerda incoerentemente apoiarem ultra conservadores como Severino  Cavalcante. Mais ainda, quando o passado desse senhor e, lógico, o presente,  não nos lembra nenhuma ação de caráter progressista. Muito pelo contrário, foi sempre um aliado da ditadura, com todos os pontos colocados. Severino pediu,  veementemente,  a expulsão do Padre italiano Vitor Miracapillo,  que se recusou a rezar uma missa em sete de setembro,  alegando que o Brasil não era independente, pois o povo passava fome. O padre Vítor fazia um intenso trabalho social na cidade de Ribeirão. Severino foi atendido e o padre expulso do país. Recentemente Cavalcante teve que renunciar ao mandato de deputado federal, acusado de receber propinas no exercício da presidência do Congresso.

Uso esse acontecimento de João Alfredo para ilustrar dois aspectos nocivos na ainda incipiente democracia brasileira. Os partidos brasileiros, mesmo os que se dizem ideológicos carecem de firmeza programática. Parece que o poder traz uma espécie de frouxidão ideológica. A permanência nos cargos comissionados leva a uma espécie de letargia, de busca de segurança e continuidade. É como se rasgassem toda a teoria dos programas, assumindo um pragmatismo que beira à concepção semelhante aos carreiristas políticos. O deslocamento de ações do PT e PCdoB, totalmente diferentes do que faziam no período anterior à democracia, parece-me corroborar com essa visão. Como se o projeto agora fosse apenas de poder.

O outro aspecto diz respeito ao sempre argumento usado da governabilidade para o apoio a figuras que sempre se pautaram de modo oposto ao que esses partidos pregavam. Ora, a democracia exige compromisso com uma Linha de ação definida ao se chegar ao poder. Quem vence deveria governar com as forças que fizeram parte do lado vitorioso, mas não é isso que ocorre. Há sempre o medo de  desagradar aos setores empresarias, financeiros e conservadores como um todo,  distorcendo, assim,  a vontade popular, impedindo,  consequentemente, o país de fazer reformas profundas e necessárias. Talvez esses partidos superestimem as forças conservadoras, como se não confiassem no cheque em branco que a população passou, numa concepção terceiromundista, quando o salto de qualidade no sistema político seria o julgamento periódico por parte do povo,  baseado em ideias programáticas e não nesse arremedo, nesse ajuntamento de grupos tão díspares,  que fazem juntar num mesmo barco,  comunistas,  ditos revolucionários, e figuras semelhantes a  Severino Cavalcante.

  Publicado em: Governo