Congresso em Foco
Após a derrubada do relatório pela perda do cargo, um novo relator vai elaborar um parecer pela absolvição ou até pela aplicação de uma pena alternativa. Presidente do órgão se disse decepcionado com a decisão
No mesmo dia que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou o pedido de cassação de Natan Donadon (sem partido-RO), o Conselho de Ética da Câmara rejeitou, por 12 votos sim, três não e uma abstenção, o parecer pela cassação de mandato do deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO). Ele responde a um processo por quebra de decoro parlamentar no órgão pelo seu envolvimento com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Nesta quarta-feira (21), o relator do processo, Ronaldo Benedet (PMDB-SC), apresentou seu voto pela cassação do mandato. Para ele, os documentos colhidos no processo mostram que a relação do tucano com Cachoeira estava longe de ser apenas amizade, envolvendo “negócios ilícitos, empréstimos de origem bastante duvidosa e atividades que levaram o representado à prática de atos claramente contrários à ética e ao decoro parlamentar”.
No relatório, Benedet apresentou trechos de investigações realizadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o bicheiro. Mostrou diálogos que, na visão do peemedebista, são suficientes para configurar a quebra de decoro e justificar a cassação de mandato. “O rol de irregularidades graves cometidas durante o mandato e que afetaram a dignidade da representação popular, infelizmente, é extenso e variado”, disse.
No entanto, pesou o apelo feito por Leréia aos integrantes da comissão. Presente na sessão – interrompida semana passada por um pedido de vista do deputado Sérgio Brito (PSC-BA) -, o tucano disse que sua família está sofrendo com o caso e que sua relação com Cachoeira é apenas de amizade. “Nunca escondi a minha relação com ele”, afirmou.
Com a derrubada do parecer, um novo relator foi indicado. Mauro Lopes (PMDB-MG) terá a missão de elaborar um relatório para conduzir o voto vencedor. Ele pode sugerir a absolvição, o que é mais provável, ou uma pena alternativa, como sanção por escrito ou suspensão do mandato. Nesta fase, a cassação já está descartada.
“Eu como presidente posso dizer que fiquei um pouco decepcionado, O relatório era super bem embasado. O relator preparou um relatório forte, confiável. Eu não esperava a votação que aconteceu dentro do conselho, é uma pena”, disse o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar Junior (PSD-SP).
Como votaram os deputados:
Contra o relatório:
Sibá Machado (PT-AC)
Margarida Salomão (PT-MG)
Mauro Lopes (PMDB-MG)
Wladimir Costa (PMDB-PA)
Izalci (PSDB-DF)
Renzo Braz (PP-MG)
Paulo Freire (PR-SP)
Sérgio Moraes (PDT-RS)
Zequinha Marinho (PSC-MA)
Stepan Nercessian (PPS-RJ)
Lázaro Botelho (PP-TO)
A favor do relatório:
Ronaldo Benedet (PMDB-SC)
César Colnago (PSDB-ES)
Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
Abstenção:
Marcos Rogério (PDT-RO)
Publicado em: Governo