Sem Medo da Inquisição

Publicado em   15/mar/2015
por  Caio Hostilio

Por Andrea Murad

DSC_6093Na última semana, quem tem acompanhado as discussões no legislativo constatou a intensidade dos  debates entre os parlamentares. Não posso negar que o governo e seus deputados até tentam responder às questões que por mim vem sendo postas, mas, de forma geral, as respostas sobre os descasos neste início de administração ficam restritas a notas oficiais mal elaboradas e sem conteúdo, ou seja, além de nada esclarecerem, não demonstram ações concretas por parte do governo. Digo isto claramente a partir das denúncias que temos feito ao logo das semanas em apenas uma das áreas: a saúde pública. E digo isto, porque de forma muito superficial e desalinhada, a liderança do governo na Assembleia Legislativa apenas busca culpar a gestão passada para justificar o injustificável da gestão atual.

Atraso no pagamento dos funcionários terceirizados, calote nos prestadores e fornecedores da rede de hospitais e Upas estaduais, fim do ambulatório oncológico do Turú, prejudicando milhares de pacientes que eram atendidos com todo o conforto; falta de medicamentos para pacientes com câncer, superlotação nas UPAS, com pacientes em macas nos corredores como nos socorrões; falta de leite especial para criança, fim das consultas nos centros especializados e falta de materiais hospitalares, são os casos que destacamos, fora as dezenas de reclamações e denúncias que chegam à imprensa e ao parlamento devido ao abandono dos serviços que vinham sendo oferecidos à população nos últimos anos. Flávio Dino está conseguindo desmanchar todo um trabalho de cinco anos na saúde pública do Maranhão por uma vingança política sem sentido algum, pois não prejudica seus opositores e sim milhões de maranhenses que nunca tinham experimentado um serviço público com tanta qualidade. Ele e Márcio Jerry, seu braço direito, que às vezes demonstra ter até mais poderes que o próprio governador, implantaram um verdadeiro estado de exceção no Maranhão, onde a oposição é tratada como na época da inquisição e os aliados privilegiados de maneira vergonhosa, como no caso de Caxias com a transferência de R$ 9 milhões de reais em detrimento dos pequenos municípios que vinham recebendo R$ 100 mil reais para manter seus hospitais.

A saúde pública não pode ser utilizada para projetos eleitoreiros do PCdoB, os hospitais não podem ser dirigidos por lideranças políticas sem nenhuma qualificação, mas sim por médicos e administradores capacitados para tais cargos. Em vez de uma gestão profissionalizada, vemos uma gestão política e, repito, comprometendo toda uma estrutura de qualidade e com pessoal qualificado que recebeu na saúde pública do Maranhão.
Confesso que não imaginava que o governador pudesse ser tão ruim em tão pouco tempo. Assisti de perto e sei a complexidade de administrar um sistema estadual de saúde, área que demanda pulso firme e exige controle macro para que seja garantido o seu pleno funcionamento. Infelizmente, Flávio Dino desconhece a estrutura, não sabe o que foi feito e o que está funcionando. A sua equipe e mesmo os deputados desconhecem a rede estadual de saúde, área que necessita de firmeza e não de intervenções políticas tornando a Secretaria de Estado de Saúde um órgão sem resolutividade.

A omissão do governo para tais problemas está presente também no parlamento. Enquanto a oposição chega com fatos concretos e cobrando soluções, a base do governo – sem saber o que responder – se limita a criticar ex-gestores como Ricardo Murad que tenho certeza estar à disposição da casa legislativa para participar de qualquer reunião de esclarecimentos proposta pelos deputados. Como sempre digo, Ricardo Murad, o idealizador do maior programa de saúde do Brasil – o Saúde é Vida – não precisa da minha defesa. O povo sim, precisa da minha voz para denunciar os descasos do atual governo e este, no mínimo, deveria dar satisfações consistentes aos problemas manifestados nas últimas semanas.

Inconsistentes também são as respostas do líder do governo, Rogério Cafeteira. Mal orientado pelos atuais gestores da saúde, que desconhecem a estrutura da secretaria e levam o deputado ao ridículo de prestar informações desencontradas com notas oficiais emitidas pelo próprio governo e cheias de erros graves. Um verdadeiro discurso desajustado que se limita em atacar o incontestável avanço na saúde do estado.

Pior ainda, são as tentativas de outros governistas, como fez um deputado – que se enrola todo, sem conhecimento daquilo que diz, na ânsia de mostrar serviço, – ao reconhecer o problema e dizer que nós, oposição, temos que parar de criticar e apontar as soluções ao governo. É de causar espanto, inclusive aos políticos veteranos, ouvir declarações como esta demonstrando claramente a administração desnorteada e o desalinho de sua base no parlamento. A obrigação de dar as soluções aos problemas levantados por nós é do governador, que assim como sua equipe tem demonstrado despreparo para conduzir o Estado.

Aos que falam que é muito cedo para avaliar a gestão de Flávio Dino, discordo. É cedo cobrar promessas de campanha e o farei no momento certo, porém não é cedo cobrar o pagamento dos trabalhadores que precisam sustentar suas famílias, não é cedo cobrar medicamentos que estão faltando, nunca é cedo para cobrar o fornecimento gratuito do leite especial às crianças, cuja lata custa R$ 200, e jamais será cedo para cobrar a reativação dos serviços suspensos pelo atual governo. Infelizmente o que dá para perceber é que o caos não demora a chegar.

Andréa Murad: Formada em Relações Públicas e Deputada Estadual pelo PMDB

  Publicado em: Governo

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