Parece mentira, mas o mesmo grupo político que acusa o governo de falta de agilidade nas suas negociações, até agora ainda não votou a Medida Provisória da reforma administrativa que o governo enviou ao Congresso logo após a posse.
A MP é incômoda. Aliás, todas as providências moralizadoras, que reduzem o gasto público e o tamanho do Estado, que ajustam as torneiras da despesa, desagradam quem vê o governo e a administração como uma feira de utilidades, onde os partidos e os detentores de mandato se servem gratuitamente.
A reforma de Bolsonaro cortou ministérios e mais de 20 mil cargos. Cortou a cereja do bolo ministerial, o esdrúxulo e não federativo Ministério das Cidades (faz sentido, numa Federação, um ministério desses?), e fez arranjos que vão favorecer o combate à corrupção.
Uma dessas mudanças é a transferência do COAF (Comissão de Controle das Atividades Financeiras) da área fazendária do governo para a órbita do Ministério da Justiça. É fácil imaginar as motivações de quem quer e de quem não quer que isso aconteça. Ao que consta em matéria do Estadão desta terça-feira (7), 13 dos 26 membros da comissão se manifestam favoráveis, três apenas se dizem contrários e 10 ocultam sua posição.
Não imagino que possa ser considerado “mau juízo” supor que os motivos para a posição contrária nada tenham a ver com o melhor e mais apurado controle das atividades financeiras, mas com o desejo de ver essas atividades longe dos olhos de Sérgio Moro.
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