Alvo da Operação Placebo, o governador, que buscava os holofotes do País, teve que se recolher. Witzel precisou focar energias na sua defesa e da primeira-dama, Helena, também alvo de mandados de busca e apreensão por contratos com empresas investigadas. A operação, desencadeada em maio pela Polícia Federal, relaciona o nome do governador do Rio com empresários e gestores envolvidos com desvios nos recursos para o combate à Covid-19 no estado. O escândalo político não poderia ter vindo em pior hora: aconteceu em meio a uma das maiores pandemias do mundo e debilitou ainda mais as finanças do estado.
A conjuntura era inteiramente diferente, no entanto, há quase dois anos. O ex-juiz federal e ex-fuzileiro naval começou a disputa para governo do Estado do Rio entre os últimos colocados. Mas, durante a campanha eleitoral, Witzel pediu voto aos eleitores de Jair Bolsonaro e postou fotos ao lado do então candidato ao Senado Flávio Bolsonaro. Surfou nessa onda e adotou comportamento e discurso semelhantes à família Bolsonaro. Desfilou com bandeira do Brasil nas costas, defendeu propostas como abertura de escolas militares para a população civil e disse ser a favor de “abater” uma pessoa “com fuzil na mão”.
Witzel acabou vencendo o segundo turno com 59,87% dos votos válidos. Chegou a atribuir sua virada na eleição, entre outros pontos, ao apoio de Flávio. Jair, eleito presidente, dividiu agenda com Witzel, no Rio de Janeiro. Mas o “namoro” não foi adiante. Desde 2019, o governador é visto como traidor pelo núcleo do presidente e seus seguidores, ao assumir abertamente o desejo de disputar a eleição ao Planalto em 2022.
Afastado de Bolsonaro, Witzel passou a tratar a esquerda, antes tão criticada pelo governador, como aliada.
— Somos conservadores, mas não somos intolerantes. Do contrário, não seríamos um partido cristão — chegou a dizer o governador durante um café da manhã com jornalistas, que aconteceu em janeiro de 2019.
Nessa época, Witzel pegava carona na novidade de seu primeiro ano de governo. Chegou a analisar uma proposta de fusão que seu partido, o PSC, recebeu do PSL, antiga legenda de Bolsonaro. Paralelamente, abriu canais de diálogo com a esquerda no Rio. O governador sancionou uma lei proposta pelo PSOL que homenageou a vereadora assassinada Marielle Franco, com a criação do Dia Estadual dos Defensores de Direitos Humanos. E procurou a família da vereadora assassinada para pedir desculpas por ato em que a placa em homenagem a Marielle foi quebrada durante campanha eleitoral.
A aproximação de Witzel com o centro e a esquerda e a tentativa de se dissociar da direita radical tinham o objetivo de garantir a governabilidade na Assembleia Legislativa (Alerj) e ampliar o leque de alianças partidárias para uma eventual candidatura presidencial. Na época, o governador estava convicto de que tinha se tornado um articulador da política nacional.
— Hoje, vários partidos me veem como uma liderança, uma voz nacional. Tenho que sinalizar para essas legendas aquilo que penso, o que o Brasil precisa para sair do marasmo em que estamos. Tenho recebido presidentes de partidos para conversar sobre a política do país — disse Witzel, no fim de 2019, acrescentando que, nas reuniões, passava orientações sobre as votações no Congresso, sem tratar da disputa de 2022.
Há dez meses, em entrevista à “Época”, então autoproclamado candidato à sucessão do presidente Jair Bolsonaro em 2022, Witzel deu passos mais largos e partiu para o ataque com Bolsonaro. “Ele anima as redes e o país não sai do lugar”, criticou.
Mas o vento mudou e Witzel passou a ser investigado pela Operação Placebo, que cumpriu mandados de busca e apreensão no Palácio das Laranjeiras, no fim de maio. Na época, afirmou que a ação da Polícia Federal teve a interferência do presidente Jair Bolsonaro. Um mês depois, no dia 9 de junho, afirmou, em entrevista à rádio Bandnews, esperar que o presidente o chame para conversar.
Em meio à crise poliítica, Witzel precisou reestruturar politicamente seu governo. Demitiu secretários-chave e se viu sem maioria na Assembleia Legislativa para garantir que não seja aberto um processo de impeachment. Mas apesar dos novos movimentos ainda, segundo parlamentares, não tem placar que lhe garanta permanecer no cargo.
Witzel imprimiu um estilo próprio no governo também nas vestimentas. Adotou, especialmente no primeiro ano de governo, um uniforme para as principais agendas. Usou um de sniper do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da Polícia Militar, para treinar a pontaria. Participou das comemorações pelo título da Libertadores da América, com a camisa do Flamengo, apesar de ser corinthiano. E se apresentou de jaleco, durante evento da saúde.
Além disso, o governador fez as pazes com o filho Erick, que é transgênero e, durante a campanha, criticou o pai afirmando que “se sentiu usado”.
Na campanha, Witzel também defendeu que policiais poderiam, em seu governo, “abater” bandidos armados, ainda que respondessem criminalmente por isso.
— Vamos dar defesa jurídica para os policiais. Melhor a gente resguardar o policial de uma eventual condenação jurídica do que ele perder a vida — disse, em entrevista ao GLOBO, durante as eleições.
Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, em 1/11/2018, revelou sua visão sobre o “abate” de traficantes com fuzil. “O correto é matar o bandido que está de fuzil. A polícia vai fazer o correto: vai mirar na cabecinha e… fogo! Para não ter erro”, disse.
Continuou defendendo o mesmo discurso já como governador.
— As polícias vão agir. Não vamos deixar pedra sobre pedras. Quem desafiar a lei, desafiar o nosso estado, vamos agir com rigor, vamos fazer os trabalhos junto às comunidades.
Witzel protagonizou episódios polêmicos ao defender o uso de força em operações policiais como forma de combate à violência e quando foi amplamente criticado. em um deles, a comemoração da morte de um sequestrador na Ponte Rio-Niterói resultou em um inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) por incitaçao ao crime.
Já as cifras destinadas em 2019 para saúde (R$ 4,4 bilhões) e educação (R$ 5,9 bilhões) apresentaram queda: foram investidos, respectivamente, R$ 850 milhões e R$ 27 milhões a menos em cada uma dessas áreas, na comparação com 2018.
Confira a trajetória de Witzel
- 02/03/2018: Wilson Witzel deixa a carreira de juiz federal para se filiar ao Partido Social Cristão (PSC) com a pretensão de disputar as eleições de 2018 como candidato a governador do Rio de Janeiro.
- 21/07/2018: A candidatura de Wilson Witzel ao governo do Estado do Rio de Janeiro foi oficializada, tendo como vice o então vereador carioca Cláudio Castro, também do PSC. Em seu discurso, afirma representar a renovação política e assume o compromisso, se eleito, de combater a corrupção, alinhando-se a Bolsonaro.
- 30/09/2018: O candidato Witzel participa de um ato de campanha em Petrópolis, na Região Serrana, em favor da candidatura de Bolsonaro.
- 07/10/2018: No primeiro turno da eleição, com 41,28% dos votos válidos (3.154.771 votos), Witzel fica em primeiro lugar contra 19,56% votos válidos (1.494.831 votos) de Eduardo Paes, do DEM, ex-prefeito do Rio de Janeiro. Witzel acaba sendo impulsionado pela busca da renovação na política, pela rejeição aos opositores e o apoio público de Flávio Bolsonaro, do filho do candidato à presidência do Brasil, Jair Bolsonaro, do PSL.
- 28/10/2018: Witzel ganha as eleições do segundo turno, com 59,87% dos votos válidos (4.675.355 votos).
- 01/11/2018: Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o governador eleito diz : “O correto é matar o bandido que está de fuzil. A polícia vai fazer o correto: vai mirar na cabecinha e… fogo! Para não ter erro”.
- 01/01/2019: Toma posse como governador do Estado do Rio de Janeiro, no Palácio Tiradentes, sede da Alerj. Então aliado de Bolsonaro, Witzel foi à cerimônia de posse do presidente, em Brasília.
- 02/01/2019: Cerimônia de posse de Witzel no Palácio Guanabara. O governador eleito manda confeccionar uma faixa governamental para a ocasião especial, o que foge do protocolo. O então governador em exercício, Francisco Dornelles, é quem faz a entrega.
- 31/07/2019: O governador usa uniforme de sniper do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da Polícia Militar. Ao lado de agentes, Witzel aparece em uma foto deitado, com um fuzil em punho, pronto para fazer o disparo.
- 20/08/2019: Um homem sequestrou um ônibus na Ponte Rio-Niterói e manteve 27 passageiros como reféns por três horas. O sequestrador identificado como Willian Augusto da Silva, de 20 anos, foi morto por um atirador de elite do Bope. Witzel chegou ao local de helicóptero pouco depois do disparo fatal e deixou a aeronave com gesto de comemoração ao saber do resultado da ação.
- 11/09/2019: Em entrevista à jornalista Andreia Sadi pela Globo News, Witzel manifesta a intenção de se lançar candidato Pa Presidência nas próximas eleições.
- 16/09/2019: Ocorre a ruptura entre Witzel e Bolsonaro. O presidente condenou a entrevista à Época e à GloboNews, nas quais o governador fez críticas à gestão de Bolsonaro e disse que queria ser presidente. Bolsonaro também não gostou de ver Witzel dentro de um tanque de guerra do Exército no desfile de Sete de Setembro. Maior partido na Alerj com 12 deputados, o PSL abandonou a base do governador do estado. A legenda, comandada no Rio pelo senador Flávio Bolsonaro, era a principal sustentação do governador, que foi eleito na esteira do bolsonarismo.
- 06/01/2020: Moradores do Rio começam a relatar que estavam recebendo água turva, com forte odor e sabor de terra. Dias depois, testes revelaram contaminação por geosmina em toda a rede de abastecimento. O problema se agravou, a crise da água durou semanas e colocou a gestão da Cedae e a capacidade administrativa do governo Witzel sob suspeita.
- 22/02/2020: Apaixonado por carnaval, Witzel chegou a anunciar que a festa deveria passar por uma reestruturação completa que atendesse a escolas do Grupo Especial e até as da Série A. A declaração foi uma resposta à crítica feita a ele no início dos desfiles. O governador disse que tentou assumir a gestão do carnaval, mas não conseguiu concluir o processo com a prefeitura.
- 04/04/2020: O governador Wilson Witzel exonera a médica Mariana Scardua, subsecretária de Gestão da Atenção Integral à Saúde da Secretaria de estado de Saúde, e o chefe de gabinete dela, Luiz Octávio Mendonça, por divergirem da conduta do então subsecretário de Saúde, Gabriell Neves, nas compras sem licitação.
- 14/04/2020: Witzel divulga, por meio de suas redes sociais, ter testado positivo para a Covid-19. Ele fez o teste após apresentar febre, dor de garganta e perda de olfato. No período, não parou de trabalhar, tendo se mantido isolado no Palácio Laranjeiras.
- 07/05/2020: Gabriell Neves é preso na Operação “Mercadores do Caos”, conduzida pela Polícia Civil do Rio e pelo Ministério Público. Ele é suspeito de integrar uma organização criminosa que visava a obter vantagens em contratos emergenciais, sem licitação, para a aquisição de respiradores pulmonares utilizados no tratamento de pacientes graves com Covid-19. O nome de Witzel apareceria nas investigações mais tarde. Em entrevistas, Neves afirmou que o ex-secretário estadual de Saúde Edmar Santos tinha ciência de todos os contratos. Além dele, foram presos preventivamente Gustavo Borges da Silva, que assumiu a subsecretaria de Saúde após a exoneração de Neves, e Aurino Batista de Souza Filho. Aurino é dono da 2A2 Comércio Serviços e Representações LTDA, empresa de informática que ganhou contrato para fornecer respiradores para o estado. Outras pessoas, consideradas laranjas, também foram detidas.
- 14/05/2020: O empresário Mário Peixoto, entre outras pessoas, é preso na Operação Favorito, como parte das investigações da Operação Lava-Jato no Rio de Janeiro. Ele é acusado de chefiar um esquema envolvendo mais de 100 pessoas físicas e jurídicas, de contratos firmados com o governo do Estado a partir de 2012, na gestão do ex-governador Sergio Cabral, sendo renovados já na gestão do governador Wilson Witzel, que assumiu em 2019.
- 15/05/2020: O governador é incluído em um inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que investiga um suposto esquema de corrupção na compra, pelo estado, de respiradores destinados ao tratamento de pacientes infectados com o coronavírus. Luiz Roberto Martins Soares, preso na Operação Favorito, faz supostas citações a Witzel sobre contrato com a Organização Social (OS) Unir Saúde, relação que estava proibida de fazer com o poder público.
- 17/05/2020: Witzel exonera o secretário estadual de Saúde Edmar Santos por causa de “falhas na gestão de infraestrutura dos hospitais de campanha para atender as vítimas da Covid-19” de acordo com o governo. Santos é mantido na comissão de notáveis que auxiliam o estado no enfrentamento do coronavírus.
- 26/05/2020: A Operação Placebo faz busca e apreensão em vários endereços ligados ao governador Wilson Witzel e à primeira-dama Helena Witzel, incluindo o Palácio Laranjeiras, residência oficial. Levaram celulares e computadores de ambos. Um dos motivos para esta deflagração foram os documentos apreendidos na Operação Favorito. Entre os quais, um contrato entre o escritório de advocacia de Helena Witzel e a empresa DPAD Serviços Diagnósticos Ltda, que possui como sócio Alessandro de Araújo Duarte, apontado como operador do empresário Mário Peixoto. Witzel nega participação em desvios e acusou o presidente Jair Bolsonaro de usar a PF para perseguição política.
- 27/05/2020: A Justiça suspende nomeação do secretário-extraordinário do Acompanhamento da Covid-19, Edmar Santos, ex-secretário de Saúde, feita pelo governador Wilson Witzel. No mesmo dia, o deputado estadual Luiz Paulo protocola pedido de impeachment de Witzel na Alerj por haver “indícios muito robustos”‘ de que o governador está envolvido, “por ação ou inação”, nos desvios investigados pela Polícia Federal.
- 03/06/2020: A OS labas é afastada da construção e da gestão dos hospitais de campanha no Rio. A Fundação Estadual de Saúde assume as obras e a direção dos espaços. Carrinhos de anestesia comprados no lugar de respiradores foram a gota d’água para saída da entidade.
- 08/06/2020: Vem a público que Witzel recebeu R$ 284 mil por parecer de 14 páginas para processo do empresário Mário Peixoto, valor considerado acima do mercado. O dinheiro foi pago pelo escritório do advogado Lucas Tristão, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do estado, em 2018. A petição foi ajuizada pela empresa Atrio Rio, que pertenceu até março à família de Peixoto, para tentar anular uma licitação da Secretaria Estadual de Educação do Rio em 2018.
- 10/06/2020: Sob a alegação de crime de responsabilidade, foi instaurado o processo de impeachment contra o governador Wilson Witzel. O presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), poderia tomar a decisão monocraticamente, mas optou por submeter a escolha ao plenário da Casa. Todos os 69 votantes foram favoráveis. No mesmo dia, o governador afirmou estar “absolutamente tranquilo sobre sua inocência”.
- 09/07/2020: O governador Witzel presta depoimento à Polícia Federal sobre um inquérito que investiga a atividade policial no Estado.
- 10/07/2020: Ex-secretário de Saúde do Rio, Edmar San tos, é preso em casa, na Zona Sul do Rio, suspeito de ter cometido fraudes enquanto era secretário de Saúde do Rio. Naquele mesmo dia, o Ministério Público apreendeu mais de R$ 6 milhões em espécie, em endereços relacionados a ele. Mais tarde, seria revelado que a quantia total era de R$ 8,5 milhões.
- 22/07/2020: Wilson Witzel decide recorrer à Justiça para tentar barrar o impeachment e, após derrota no TJ, entra com ação do STF para contestar a formação da Comissão Especial que analisava o processo. O argumento da defesa do governador era de que houve desrespeito ao preceito da proporcionalidade previsto na Constituição. Isto é, partidos com mais deputados deveriam ter mais assentos na comissão do que legendas com menos parlamentares.
- 27/07/2020: O presidente do STF, ministro Toffoli, manda a Alerj dissolver a comissão formada para analisar o processo de impeachment aberto contra o governador Wilson Witzel e estipula a formação de outra comissão, seguindo os critérios de proporcionalidade da representação que cada partido político tem na Casa.
- 06/08/2020: O ex-secretário de Estado de Saúde deixa a cadeia por decisão do STJ, após firmar acordo de delaão premiada com Procuradoria Geral da República (PGR), deixando o alto escalão do governo Witzel em alerta.
- 12/08/2020: O ministro do Superior Tribunal de Justiça Benedito Gonçalves, a pedido da subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, homologa a delação de Edmar Santos. No depoimento, o ex-titular da pasta aponta que Witzel teria envolvimento direto com as fraudes na Saúde.
- 14/08/2020: Delação de Edmar gravou conversas com vários políticos
- 15/08/2020: Em delação Edmar diz ter sido ameaçado na prisão. Edmar detalhou influência dos grupos políticos do Pastor Everaldo e do empresário Mário Peixoto no governo Witzel.
- 15/08/2020: Witzel diz que Edmar está desesperado; governador tenta ganhar tempo ao questionar procuradora do caso de impeachment. Segundo a defesa do governador, a subprocuradora Lindôra Araújo não poderia ter sido designada e a Procuradoria-Geral da República deveria ter feito sorteio.
- 20/08/2020: Parecer terá um efeito decisivo nos rumos da avaliação sobre o impedimento do governador do Rio.
- 20/08/2020: Titular da Saúde no estado também nomeou integrante de partido para comissão pública e depois o indicaria para pasta voltada a ações de combate à Covid-19, que à época acabou não sendo criada por ordem da Justiça.
- 21/08/2020: Governador sofre derrota; defesa diz que vai esperar a decisão do ministro Alexandre de Moraes para tomar qualquer medida.
- 26/08/2020: Governador é alvo de investigação por causa de declarações defendendo que policiais ‘mirem na cabecinha’ e comemoração após morte de sequestrador.
- 28/08/2020: PGR e PF cumprem mandados de prisão e de busca e apreensão contra agentes públicos, políticos e empresários envolvidos em crimes de corrupção e lavagem de dinheiro do grupo liderado pelo governador.