Após ser rechaçada por parte de integrantes do PSOL que rejeitaram a candidatura dela para a disputa da presidência da Câmara, no início de fevereiro, a deputada federal, Luiza Erundina (PSOL-SP), “soltou o verbo” contra a sigla; acusando os colegas de bancada de “fisiologismo” e “barganha” com o intuito de obter cargos.
Sem “papas na língua”, a ex-prefeita de São Paulo disse que era “lamentável” o PSOL negociar as convicções do partido “e compromissos políticos históricos”.
“Essa é uma prática dos partidos de direita com a qual eu não compactuo”, escreveu a deputada nas redes sociais.
A declaração da “veterana” acontece logo após um grupo – dentro do PSOL – criticar a posição do partido de não apoiar a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP), o principal adversário de Arthur Lira (PP-AL), cujo nome é apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Ao contrário do que se esperava, inclusive, ignorando o pedido de Marcelo Freixo (PSOL-RJ), feito em dezembro de 2020, o partido de extrema-esquerda optou por uma candidatura própria. Nada viria à tona, se Erundina não viesse a público manifestar repúdio em relação à atitude dos colegas que não a apoiaram.
No Twitter, ela expôs toda a podridão dos correligionários:
“É lamentável que o PSOL negocie suas convicções e compromissos políticos históricos ao aderir ao fisiologismo e à barganha por cargos na Mesa da Câmara. Essa é uma prática dos partidos de direita com a qual eu não compactuo”, disparou, denunciando qual seria o motivo da adesão ao bloco de Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Fernanda Melchionna, deputada federal, pelo PSOL-RS, respondeu à publicação da parlamentar e bradou que ela não fizesse ataques a “quem não acha a tática correta lançar candidato nesse cenário da eleição da Câmara”.
“Mesmo que sua posição tenha vencido e o PSOL tenha lançado seu nome, isso não lhe autoriza a atacar o PSOL”, criticou, para, em seguida, acusar Erundina de ter aceitado cargo de ministra no Governo Itamar Franco, na década de 90, depois de rompimento com o antigo partido, PT.
“Todos nós temos história. O fato da senhora ter rompido com o PT para ser ministra de Itamar nos anos 90, não autoriza ninguém a lhe acusar de fazer política baseada em busca de cargos. Da mesma forma, respeite que o PSOL defendeu, desde o primeiro, um ‘voto tático’, antibolsonaro”, alfinetou a jovem.
A ruptura é tão grande no partido de esquerda que Ivan Valente, integrante do PSOL paulista, resolveu defender Erundina e se posicionar a favor da amiga.
“Estamos juntos, Luiza. Não podemos ser coniventes com notícias falsas, muito menos colocar nossa coerência política em jogo! Seguimos firmes em defesa da democracia e dos direitos do povo brasileiro!”, rebateu.
Colocando “panos quentes” na briga, Marcelo Freixo elogiou Erundina, mas disse continuar discordando dela.
“Respeito muito a história de Luiza Erundina, apesar de discordar do lançamento da sua candidatura à presidência da Câmara. Mas, é inaceitável insinuar que a defesa da entrada do PSOL no bloco democrático para derrotar Bolsonaro, passa pela negociação de cargos. Isso não é verdade”, justificou-se.
Segundo consta a contagem dos partidos, Arthur Lira vence “com folga” a disputa contra Baleia Rossi. Pois, segundo deputados deemistas nem dentro do próprio DEM Baleia tem apoio. Ele é visto por muitos parlamentares como “antipático” e “arrogante”.
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