A alta nos casos de covid-19 depois das festas de fim de ano era esperada, explica o diretor-geral do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, Gustavo Fernandes. O médico, que também é oncologista, justificou que isso ocorreu em decorrência do comportamento das pessoas, e não exatamente pelas mutações sofridas pelo novo coronavírus.
“É interessante essa questão das novas linhagens, que contaminam mais, porque nenhuma das linhagens fura máscara, nenhuma das linhagens é resistente a álcool gel, nenhuma das linhagens atravessa parede, entra na sua casa… quem continua levando o vírus para os outros são as pessoas. Esse é um ponto fundamental”, ressaltou o médico.
De acordo com Fernandes, a discussão sobre as medidas sanitárias não deve ser confundida com a defesa de um fechamento perpétuo.
“Uma coisa é você advogar que precisa abrir a economia, que as pessoas precisam pagar as contas, estou de acordo, eu não sou gestor econômico. Isso é uma pauta relevante, mas as pessoas não podem deixar de tomar o máximo de cuidado possível”, diferenciou.
O médico argumenta que é preciso avaliar o que é possível e necessário se fazer em cada caso. “Às vezes, o máximo de cuidado possível é não visitar alguém. Às vezes, é não aglomerar, às vezes o que dá para fazer é não ir trabalhar, algumas pessoas que podem trabalhar de casa, podem fazer trabalho remoto”, exemplificou.
Ele terminou dizendo que a maior responsabilidade sobre tudo isso não é das variantes que surgiram ao longo da pandemia. “Tem uma responsabilidade nisso, independentemente de mutação de vírus, mutação de vírus sempre vai ter”, colocou.
Cuidado deve continuar
Em outro momento da entrevista, Fernandes lembrou que a campanha de vacinação ainda é muito incipiente e que cuidados devem continuar. “É uma imunização pessoal e parcial, porque ela também não é perfeita. Você tem pacientes que são vacinados e que adoecem. Então, a primeira coisa que a gente tem que ter é o respeito com o próximo. Quando eu uso máscara, quando passo álcool, quando eu me vacino, eu estou vivendo em comunidade”, argumentou.
Ainda que jovens se considerem em condições privilegiadas em relação aos riscos da doença, devem se esforçar para não serem vetores da covid-19. “Mesmo que eu já tenha tido covid, que eu não tenha medo, que eu tenha 25 anos, seja atleta, que meu risco seja 0,000… eu respeito os outros quando eu não me torno um agente distribuidor de vírus. Preciso continuar usando máscara, preciso continuar passando álcool e preciso acusar sintomas de uma maneira muito rápida”, enfatizou.
Assista a entrevista completa em vídeo:
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