Em 2002, enquanto ainda era candidato ao Planalto na eleição que terminaria com sua primeira vitória, Lula colocou sob suspeita o uso das urnas eletrônicas nas eleições. No dia 6 de junho daquele ano, o petista levantou dúvidas sobre a infalibilidade do sistema eleitoral e chegou a dizer que não era possível saber se a urna poderia “ser manipulada ou não”.
Bem similar ao que é defendido atualmente por Bolsonaro como alternativa ao modelo de votação utilizado no país, Lula propôs na época que fosse impresso um “tíquete” após a votação na urna eletrônica, que, por sua vez, seria depositado em uma urna convencional.
– Aí está zerado o problema. Quem tiver desconfiança faz a aferição entre a urna e o resultado da apuração eletrônica – declarou.
Bem diferente do posicionamento emitido há 20 anos, Lula usou suas redes sociais nesta segunda-feira (18) para atacar Bolsonaro por causa da reunião com os representantes diplomáticos sobre as eleições brasileiras. No Twitter, o petista disse ser “uma pena que o Brasil não tenha um presidente que chame 50 embaixadores para falar sobre algo que interesse ao país”.
TEBET E A DÚVIDA SOBRE OS DADOS QUE VÃO PARA AS URNAS
Outra a criticar Bolsonaro nesta segunda foi a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Em uma publicação no Twitter, a parlamentar afirmou que “o presidente convocou embaixadores e utilizou de meios oficiais e públicos para desacreditar mais uma vez o sistema eleitoral brasileiro” e disse reforçar sua confiança “no sistema de votação por urnas eletrônicas”.
Há sete anos, no entanto, o posicionamento de Tebet não era tão convicto assim a respeito das urnas eletrônicas. Em 2015, durante uma entrevista à TV Senado após apoiar a derrubada do veto da então presidente Dilma Rousseff (PT) ao voto auditável, a senadora justificou a escolha com uma defesa ao mecanismo de impressão do voto.
– Será que o meu voto depositado na urna, depois de processado, se concretiza? (…). Então, para que tiremos essa dúvida, [para que o sistema] dê tranquilidade ao eleitor, [para] que ele possa saber que a partir de 2016 e 2018 ele vai votar e ele vai ter a comprovação, saindo ali os nomes dos candidatos que ele escolheu, nós optamos por derrubar o veto da presidente Dilma – questionou.
CIRO FALA EM APERFEIÇOAR SISTEMA
Se, nesta segunda, o ex-governador Ciro Gomes (PDT-CE) chamou a reunião de Bolsonaro com os embaixadores de “horrendo espetáculo”, há pouco mais de um ano, em maio de 2021, o pedetista fazia uma defesa do voto impresso auditável.
Pelo Twitter, Ciro endossou a ideia que foi levantada pelo presidente do PDT, Carlos Lupi, em uma entrevista ao site Poder360. Na ocasião, o dirigente partidário defendeu que o sistema de impressão de voto poderia possibilitar “a auditagem do voto eletrônico”. Para o ex-governador do Ceará, o modelo proposto pelo presidente do partido tornaria “melhor” um sistema que era “bom”.
– Qual o problema em tornar um sistema, que já é bom, em um sistema melhor? Qual o problema de termos uma cópia de segurança impressa, palpável e acima de qualquer suspeita, para eventual checagem? – indagou.
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