Pode tudo!!! Deputados dos EUA vão parar no inquérito das milícias digitais?

Publicado em   18/abr/2024
por  Caio Hostilio

Alexandre de Moraes abriu investigação sobre Elon Musk após o bilionário fazer desafios públicos contra o bloqueio de perfis no X. O histórico mandaria fazer o mesmo com quem cumpriu parte das promessas do dono da rede

Deputados dos EUA vão parar no inquérito das milícias digitais?

relatório do Comitê de Assuntos Judiciários da Câmara dos Estados Unidos que revelou decisões de Alexandre de Moraes (foto) para bloquear perfis de redes sociais foi feito declaradamente para atingir o presidente dos EUA, Joe Biden, mas acertou em cheio o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

No relatório intitulado “O ataque à liberdade de expressão no exterior e o silêncio do governo Biden: O caso do Brasil” (leia a íntegra), o comitê liderado pelo deputado republicano Jim Jordan diz estar “supervisionando como e em que medida o Poder Executivo coagiu ou conspirou com empresas e outros intermediários para censurar o discurso legal”. Os parlamentares informam que descobriram “graves violações da Primeira Emenda cometidas por funcionários de todo o Poder Executivo”.

Entre os casos mencionados estão a alegação de que “a Casa Branca de Biden coagiu diretamente grandes empresas de redes sociais, como o Facebook, a censurar informações verdadeiras, memes e sátiras, acabando por levar o Facebook a alterar as suas políticas de moderação de conteúdo” e de que também coagiu “diretamente a maior livraria online do mundo, a Amazon, a censurar livros”.

O relatório segue, mencionando outros países: “Essas violações da Primeira Emenda e os ataques à liberdade civil americana mais fundamental – a liberdade de expressão – são profundamente preocupantes. Mas muitas vezes empalidecem em comparação com a forma como alguns governos estrangeiros estão corroendo os valores democráticos básicos e sufocando o debate nos seus países. Para promover a sua supervisão legislativa, o Subcomitê Selecionado recebeu testemunhos sobre como os governos de outros países, incluindo o Canadá, a França e o Brasil, procuraram censurar o discurso online”.

150 perfis

“Os documentos e autos intimados revelam que, pelo menos desde 2022, o Supremo Tribunal Federal no Brasil, no qual Moraes atua como ministro, e o Tribunal Superior Eleitoral no Brasil, liderado por Moraes, ordenaram que a X Corp. suspendesse ou removesse quase 150 contas na popular plataforma de mídia social”, diz o relatório, que segue:

Promessa

Ao divulgar as decisões sigilosas de Moraes, os deputados americanos cumpriram uma das promessas feitas pelo bilionário Elon Musk, que foi incluído pelo ministro do STF no inquérito das milícias digitais sob a alegação de contribuir para a disseminação de desinformação, além de passar a ser investigado por incitação ao crime, por ter ameaçado descumprir decisões judiciais — os advogados do X no Brasil avisaram que isso não vai acontecer.

A questão posta a após a divulgação das decisões sigilosas é se os deputados americanos responsáveis pelo relatório incorreram em algum dos crimes que Moraes considerou para incluir Musk em suas investigações.

E agora?

Ao acusar o ministro de censura e apoiar as demandas de Musk, eles não estariam menosprezando a “instrumentalização criminosa que vem sendo realizada pelas denominadas milícias digitais, na divulgação, propagação, organização e ampliação de inúmeras práticas ilícitas nas redes sociais“, como disse Moraes ao determinar a abertura de inquérito sobre o bilionário?

Com a manifestação, eles não passam a compor o vasto grupo de suspeitos de participar de uma organização criminosa? Não seria o caso, portanto, de também inclui-los no inquérito das milícias digitais?

Apesar de isso não fazer sentido, é o caminho que o ministro do STF resolveu percorrer — e, até agora, depois de tanto barulho, não demostrou qualquer intenção de abandonar.

Por o antagonista

  Publicado em: Política

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