Informações da polícia apontam que o advogado, que fazia empréstimos em nome de pessoas mortas, tornou-se um dos maiores litigantes do TJRS

Ele também é investigado por assinar procurações em nome de pessoas mortas. Em um dos casos, o documento teria sido assinado por uma pessoa falecida há dois meses. Em outra situação, duas procurações assinadas em 2023 eram de autoria de uma pessoa internada em estado vegetativo desde 2022.
O homem ainda é suspeito de se apropriar de valores obtidos por meio de ações judiciais movidas em nome de clientes no RS. Em seu histórico, ele teria cerca de 100 mil ações no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. O prejuízo aos cofres públicos e às pessoas pode chegar a R$ 50 milhões, conforme informações repassadas pela Polícia Civil.
Além dele, outras 13 pessoas estão envolvidas no esquema, nomeado pela polícia de “advocacia predatória”. Dos 14 suspeitos, nove são advogados.
Atuação
Segundo a Polícia Civil, representantes da empresa entravam em contato com potenciais clientes utilizando informações particulares, como dados sobre empréstimos consignados vinculados a benefícios previdenciários.
Os clientes, geralmente em situação de vulnerabilidade, eram abordados com a promessa de resolver cobranças abusivas de instituições financeiras, mediante honorários advocatícios de 30% sobre os valores que viriam a ser recuperados judicialmente.
Após ser convencido, o cliente fornecia os documentos, que eram, então, utilizados pelo grupo para instruir ações judiciais contra instituições financeiras.
Os clientes acreditavam estar pagando os honorários advocatícios combinados e então transferiam 30% dos valores para contas indicadas pelos criminosos. Posteriormente, ao perceberem descontos em seus benefícios previdenciários, as vítimas percebiam o golpe.
Operação
A Operação Malis Doctor que mirou o grupo foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (7/5) em Porto Alegre.
O perfil das vítimas é o de idosos, aposentados e servidores públicos, a maioria policiais militares e professores estaduais.
“Esse grupo criminoso é estruturado em três núcleos distintos: o núcleo jurídico, formado por advogados responsáveis pela condução dos processos judiciais; o núcleo de captação de clientela, composto por pessoas jurídicas encarregadas do contato direto com os clientes; e o núcleo financeiro, integrado por contadores e sócios dessas empresas, os quais são proprietários de bens e veículos”, explicou.
Ao todo, há 15 inquéritos policiais abertos – seis de pessoas físicas, cinco requisições da Justiça e de outros quatro bancos.
Por Metrópoles
Publicado em: Política