Ex-presidente participou de evento ’40 anos de Democracia no Brasil’, na Faculdade de Direito da USP, nesta quarta-feira
O ex-presidente José Sarney (MDB) criticou, nesta quarta-feira (21), o que classificou como uma “falta de lideranças” na política brasileira, se opôs ao mecanismo da reeleição presidencial e classificou como “inadmissível” o uso de emendas parlamentares para a “promoção pessoal” de lideranças. As críticas foram feitas no evento “40 anos de Democracia no Brasil”, realizado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
Sarney, que assumiu a presidência em 1985 após 21 anos de ditadura militar no Brasil, afirmou que a Constituição impede retrocessos políticos no país apesar da “lamentável” polarização política vivida nos últimos anos.
Com respostas curtas, o ex-presidente falou por pouco mais de uma hora no evento. Questionado se o país tem uma falta de lideranças políticas, se limitou a dizer:
— Não falta uma, faltam muitas.
Ele também criticou o mecanismo da reeleição, que tem sido debatido no Congresso Nacional. Hoje, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que extingue a reeleição para os cargos de presidente, governador e prefeito. Na avaliação de Sarney, os políticos em primeiro mandato concentram esforços demais em se manterem no poder.
— No segundo mandato, sem objetivo nenhum, ele faz um mandato pior do que o primeiro — disse.
O texto aprovado hoje na CCJ, relatado pelo senador Marcelo Castro (MDB-PI), prevê um mandato único de cinco anos para todos os cargos eletivos, incluindo deputado e senador. Foi aprovado na comissão de forma simbólica, sem a contagem dos votos.
O ex-presidente também criticou o enfraquecimento dos partidos brasileiros, que têm recorrido a federações de fusões para manter a viabilidade eleitoral. Uma maneira de fortalecer as siglas, ponderou, seria o fim sistema proporcional com lista aberta, no qual o eleitor vota em uma pessoa e não diretamente no partido, e a adoção de um sistema distrital misto.
— Esse voto é responsável por todas essas distorções que nós vemos. A impossibilidade das formações de partido, o enfraquecimento do Congresso. A alternativa é o voto distrital misto — afirmou — Temos que criar partidos fortes. Eles são a sustentação da operação eleitoral.
Se um estado tem dez cadeiras de deputado federal, por exemplo, cinco serão escolhidas na modalidade do voto distrital e cinco no voto proporcional. Os distritos seriam demarcados pela Justiça Eleitoral de acordo com o número de habitantes.
No final, o ex-presidente se esquivou de responder se falta coragem dos partidos de direita de se opor ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e tentar cacifar um nome fara no núcleo criado pelo ex-deputado.
Publicado em: Política