Contratos firmados por Petrobras, Caixa, Banco do Brasil e outras federais superam em 250% os valores do governo Bolsonaro.
- Verba de patrocínios das maiores estatais federais triplicou, alcançando R$ 977,6 milhões em 2024.
- Petrobras e Caixa lideraram os maiores aumentos, tanto em valores absolutos quanto em áreas diversas, como esportes e cultura.
- Empresas defendem os contratos como estratégicos e legais, mas críticas surgem sobre possível viés político nos critérios de liberação.
As seis maiores estatais federais elevaram substancialmente seus gastos com patrocínios no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Juntas, Petrobras, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Correios, Banco do Nordeste e BNDES firmaram contratos que, somados, chegam a quase R$ 1 bilhão em 2024 — três vezes mais que em 2023.
Crescimento exponencial e foco ampliado
Segundo dados das próprias empresas, com base nas páginas de transparência, o valor contratado em patrocínios saltou de R$ 351,5 milhões em 2023 para R$ 977,6 milhões em 2024, já corrigidos pela inflação. Em comparação com o último ano do governo Bolsonaro, quando os contratos somaram R$ 275,8 milhões, o aumento é de mais de 250%.
A expansão não foi limitada aos esportes, ainda que as Olimpíadas de Paris tenham impulsionado algumas ações. Patrocínios culturais, regionais e eventos institucionais também contribuíram para esse crescimento, que alcançou todas as estatais analisadas.
Nos Correios, o salto foi o mais expressivo proporcionalmente: de R$ 3,5 milhões em 2023 para R$ 33,8 milhões em 2024. Portanto, no governo anterior, os investimentos nessa área não passavam de R$ 300 mil.
Petrobras lidera em volume financeiro
Em termos absolutos, a Petrobras liderou a escalada de patrocínios. A petroleira assinou contratos que somaram R$ 335 milhões em 2024, frente aos R$ 50,5 milhões do ano anterior.
A empresa alega que os novos valores fazem parte de uma estratégia de reposicionamento de imagem, especialmente após o período de desinvestimentos durante o governo anterior.
Vale destacar que esses contratos referem-se apenas à área de comunicação, excluindo os investimentos sociais, que também cresceram paralelamente.
Caixa e Banco do Brasil seguem a tendência
Na Caixa, os compromissos saltaram de R$ 110,8 milhões em 2021, ano das Olimpíadas de Tóquio, para R$ 332,2 milhões em 2024. O banco também ampliou o apoio a festas juninas, sobretudo no Nordeste: os patrocínios a eventos como “São João” ou “arraiás” cresceram cinco vezes em apenas um ano.
Já o Banco do Brasil indicou que seus contratos de patrocínio seguem critérios técnicos de marketing e visam fortalecer a presença institucional da marca em diferentes regiões do país, ainda que parte das solicitações recebidas por políticos tenha sido rejeitada, segundo apurou a imprensa.
Além dos aportes em eventos tradicionais, ambas as instituições aumentaram a presença em iniciativas esportivas e culturais com apelo nacional. A intenção, segundo comunicados oficiais, é associar a imagem das estatais a causas de interesse público, como inclusão social e desenvolvimento regional.
Justificativas e estratégias
A Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal afirma que não interfere nas decisões de patrocínio das estatais. A pasta supervisiona apenas as normas gerais, mas não participa da definição orçamentária ou dos critérios de execução.
As estatais, por sua vez, defendem as escolhas feitas. O Banco do Nordeste disse que eventos fora de sua área de atuação ajudam a atrair parcerias. Já o BNDES argumenta que os contratos fazem parte da missão de fomentar o desenvolvimento social e econômico.
Lula, por outro lado, tem reforçado publicamente a importância dos investimentos esportivos por parte das estatais. “Quero ver é patrocinar o menino ou menina da periferia, não só o time que já é campeão”, afirmou em evento recente.
A crítica do presidente aponta para uma tentativa de democratizar os recursos públicos de visibilidade. A iniciativa, no entanto, tem sido vista com reservas por setores que apontam possível uso político dos patrocínios.
Publicado em: Política