Na mosca!!! Moraes assume o lugar de Lula na polarização

Publicado em   27/maio/2025
por  Caio Hostilio

Lula alopra na política econômica com aumento de impostos e gastos eleitoreiros, mas o ministro do STF já assumiu seu lugar não só na polarização, mas na retroalimentação também.

Nada há de tão boçal em condutas e lacrações bolsonaristas que Moraes não possa redimensionar como abolição do Estado Democrático de Direito… Criativo.

Banalização
Ele banaliza de tal forma o conceito de ataque à democracia que acaba até deslegitimando os processos sobre articulações político-militares para melar o resultado eleitoral, com declaração de “Estado de Defesa”, “Estado de Sítio” e “Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO)”, instrumentos jamais previstos para a hipótese de insatisfação por derrota nas urnas.

Depois do voto por 14 anos de prisão para a ativista Débora dos Santos, que pintou a estátua do STF de batom, mas contra quem Moraes não apontou qualquer prova de conduta individual em outros crimes atribuídos à multidão do 8/1, a abertura de inquérito sobre a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos e nas redes sociais é uma espécie de medida preventiva contra o batom americano.

Moraes não quer ser pintado no exterior como violador de direitos humanos, como a Lei Magnitsky autoriza o governo dos EUA a fazer com quem considerar como tal, então dá uma canetada para cobrar explicações sobre a iniciativa não concretizada de sancionar ele próprio, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet, autor do pedido de investigação.

Blindagem
O uso do aparato judicial do Brasil por potenciais alvos de sanções estrangeiras — para fins senão de blindagem contra elas, ao menos de revide contra o deputado federal licenciado que apresentou alegações neste sentido fora do país — fica tão escancarado, tão caricaturalmente configurado, que apenas reforça o jogo da família Bolsonaro de limpar a sujeira de seu patriarca na lama do STF.

Gonet ao menos confessa que as “evidências” conduzem a uma “ilação” sobre o objetivo de Eduardo de “interferir” no processo que atinge o pai, mas Moraes ainda consegue piorar o texto do PGR, ao comentar que “a representação criminal do Ministério Público enumera, também, inúmeras publicações e mídias que, em tese, indicam a materialidade dos delitos e indícios suficientes e razoáveis de autoria”.

Que o ministro use a expressão “inúmeras” para se referir a determinado número de postagens já ilustra sua mania de extrapolar os fatos objetivos. Que aponte “materialidade dos delitos e indícios suficientes e razoáveis de autoria”, sem estabelecer qualquer conexão entre os conteúdos e as hipóteses criminais, muito menos explicar como alguém pode interferir em processos específicos por meio de decisões de outro país sem efeito sobre esses processos, só reforça que a natureza da decisão não é técnica, nem jurídica, mas corporativista.

Festa de rodeio
Eduardo havia usado um pedido fajuto do PT por sua prisão — encaminhado de modo protocolar à PGR e depois arquivado — para justificar a seus eleitores a mudança para os EUA, onde passou a curtir a vida em festa de rodeio com sua esposa, enquanto o ex-ministro Gilson Machado pedia dinheiro via Pix para ajudar Bolsonaro a sustentar o filho autoexilado.

Nenhuma investigação sobre Eduardo estava aberta para legitimar a narrativa do risco de ser preso caso ele ficasse no Brasil, onde um monte de críticos de Moraes, atuantes no Congresso e na imprensa, seguem criticando o ministro e defendendo medidas internas e constitucionais contra seus abusos e concentração de poder.

Discurso antissistema
O acordão de 2019 pela impunidade dos acusados de crimes de colarinho branco uniu bolsonarismo, lulismo, Centrão, velhos tucanos, a maior parte da imprensa e o STF, mas Moraes vem conseguindo dar novamente ares de legitimidade ao discurso antissistema (seletivo, claro) dos Bolsonaro, os maiores aliados que Lula, Dias Toffoli e Gilmar Mendes tiveram contra a Operação Lava Jato e a CPI da Lava Toga.

Ao longo do tempo, portanto, lulismo, bolsonarismo e alexandrismo vêm se retroalimentando em revezamento, enquanto o Brasil, sem alternativa sólida e independente das três correntes que disputam o protagonismo público, chafurda nesse triplo lamaçal.

Por o antagonista

  Publicado em: Política

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