Por Mario Sabino
Pelo que entendi, então, a “trama golpista” era só a pior das intenções. Jair Bolsonaro não tentou dar um golpe, apenas cogitou dar um golpe

Bolsonaro chamou os milicos para apresentar a sua ideia. Disseram a ele, então, algo como “olha, chefia, não pode usar instrumento constitucional para ferir a Constituição, não”. Não dava para bancar o João Goulart.
Sem a milicada, não tinha como dar golpe, Jair Bolsonaro não assinou decreto nenhum, mas aí havia meia dúzia de aloprados que achavam que daria para tocar a coisa adiante mesmo assim e começaram a fazer o que aloprados fazem: aloprar.
Até que aquele monte de gente biruta que estava reunida na porta dos quartéis resolveu fazer terrorismo na Praça dos Três Poderes, não porque queria dar golpe, mas porque não haveria golpe nenhum e ficou revoltada. Os aloprados acreditaram que até daria para entusiasmar os milicos, mas nada feito.
Pelo que entendi, também, depois de um ano e meio de investigações, não surgiu um indício que ligasse diretamente Jair Bolsonaro ao 8 de janeiro. Uma ordem, uma senha, uma emissão de energia cósmica. Eu esperava que o PGR esfregasse uma prova qualquer na cara do homem, e foi só decepção. O que o sujeito fez foi inspirar os birutas com as suas diatribes contra as urnas eletrônicas, mas sem ser exatamente um Jim Jones. Após inspirar essa gente toda, ele estava nos Estados Unidos, morrendo de dor de barriga.
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