Após a audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos, hoje (19), no auditório da Assembléia Legislativa, que apurou a quebradeira de empresas no Maranhão e Pará gerada pela Vale, não ficou nenhuma dúvida que a empresa age de má-fé com seus prestadores de serviços, principalmente no que tange ao não cumprimento do contrato e especial as medições feitas nos serviços prestados.

Neto Evangelista, autor do requerimento de convocação da audiência, presidiu os trabalhos dando oportunidades para que todos falassem e mostrassem seus argumentos.

A empresa WO apresentou vários documentos que comprovam que a empresa faliu em decorrência dos cancelamentos dos contratos de forma arbitrária e sem justificativa que levasse a WO ficar com um prejuízo de R$ 50 milhões.

Segundo os proprietários da WO, a rescisão do contrato gerou na demissão recente de cerca de 2.500 funcionários da empresa. Para Eles, que prestam serviço a Vala durante 22 anos, esse rompimento de contrato prejudicou mais de dois mil funcionários, que foram demitidos, e levando a empresa para o fundo do poço.

José Carlos Sousa, gerente-geral de Operações da Vale, informou que o contrato com a WO foi rescindido devido ao fato da empresa não ter cumprido o cronograma da obra. Os argumentos da Vale não convenceram, pois o vice-presidente da FIEMA, Zeca Belo, disse ter conhecimento de que 15 empresas maranhenses faliram depois que a Vale rompeu os seus contratos.  

Avaliação semelhante fez o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Maranhão (SINDUSCON/Ma), João Mota Filho. “Não se pode negar que a Vale, como a segunda maior mineradora do mundo, vem contribuindo com o desenvolvimento do Maranhão. No entanto, isso não lhe dá o direito de causar uma série de demissões em massa ocasionadas pela falência de empresas”.

Neto Evangelista avaliou que a audiência pública atingiu o seu objetivo principal, que foi de colocar em um mesmo espaço todas as partes envolvidas na polêmica. “Além de diretores da Vale e das empresas, participaram do evento representantes de vários segmentos ligados, direta ou indiretamente, ao assunto. Mais uma vez, esta Casa cumpriu com o seu papel de intermediar o debate”.

Também participaram da audiência pública os deputados Jota Pinto (PR), Edson Araújo (PSL – presidente da Comissão de Assuntos Econômicos), Zé Carlos (PT), Carlinhos Amorim (PDT), Léo Cunha (PSC), André Fufuca (PSDB), Dr. Pádua (PP), Eliziane Gama (PPS) e Francisca Primo (PT); além do secretário estadual Ricardo Guterres (Minas e Energia).

Na verdade, a Vale é o “cemitério de empresas”, como bem definiu o presidente do Sinduscon, João Batista Mota.

O empresário Olimpio Biondo, que prestava serviço a Vale, em Itabira/MG, foi outro que faliu em decorrência do cancelamento do seu contrato. Olimpio disse que seu prejuízo chega aos R$ 4 milhões e que já ingressou na justiça para reaver seu prejuízo. “Meu avô foi o primeiro motorista dessa empresa. Meu pai morreu em decorrência de um acidente de trabalho na Vale e tivemos que ingressar na justiça para receber os direitos dele. Eu prestei serviço durante 11 anos a Vale e a companhia rompeu meu contrato depois de sete meses, quando a minha empresa já havia investido R$ 4 milhões para cumprir com as exigências. Foram demitidas 500 pessoas. Tem mais oito empresas em Minas Gerais na mesma situação. Eu já tenho uma liminar contra Vale, que não encerre os contratos”, desabafou Olimpio Biondo.

  Publicado em: Governo